News
Bolsas de pesquisa do GEF-Mar têm sucesso na forma e no conteúdo
O bolsista Martin Sucunza Perez e Aline Kellermann (chefe do Revis da Ilha dos Lobos) em Torres (RS). Foto: Regiane Pereira Goulart.
A possibilidade de contratação de bolsistas pelo Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas representa novo fôlego para as equipes das unidades de conservação, dos centros de pesquisa e também para a Coordenação de Monitoramento da Biodiversidade (COMOB), na sede do ICMBio, em Brasília. Sessenta e cinco bolsistas completarão um ano de atividades em maio de 2018 e, até o final do primeiro semestre, deverão se juntar a eles mais nove bolsistas, como resultado do segundo edital lançado em dezembro de 2017.
Até 2019 está previsto o desembolso de R$ 5,3 milhões para o pagamento de bolsas de pesquisa a estudantes de nível médio técnico, alunos de graduação e profissionais graduados e pós-graduados, de diferentes áreas do conhecimento, contratados nas modalidades de apoio científico, apoio técnico científico e desenvolvimento tecnológico em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
O bolsista Martin Sucunza Perez, mestre em zoologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, é um dos pesquisadores selecionados pelo primeiro edital. Com foco no monitoramento de fauna, ele atua no Refúgio da Vida Silvestre (Revis) da Ilha dos Lobos em atividades como a contagem semanal de lobos e leões-marinhos que ocupam a pequena ilha localizada na costa de Torres (RS).
“É muito bom poder contar com a colaboração de um bolsista com tantos atributos técnicos nas ações de monitoramento, uma vez que a minha dedicação para as ações de gestão e construção de plano de manejo é grande.” conta Aline Kellermann, única analista ambiental e chefe do Revis Ilha dos Lobos. Com a chegada de Martin ela ganhou também um parceiro de trabalho com quem compartilhar o dia a dia. O último dos três analistas do time original da unidade se aposentou em março de 2017 e, como equipe fixa, ficaram Aline e um estagiário em regime de 20 horas semanais.
Martin também já colaborou com pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) em expedição para o anilhamento da espécie piru-piru (Haematopus palliatus), ave costeira encontrada na ilha.
Outros bolsistas espalhados nas UCs e centros de pesquisa apoiados pelo GEF-Mar também estão envolvidos em ações de pesquisa e monitoramento coordenadas por gestores locais. Grande parte dos dados gerados serão aproveitados no desenho do modelo de monitoramento para ambientes marinhos e costeiros do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio, denominado Programa “Monitora”. Esta importante frente de trabalho tem o apoio direto de dois bolsistas com nível de doutorado na Coordenação de Monitoramento da Biodiversidade (COMOB), em Brasília. “Os resultados do Programa de Monitoramento da Biodiversidade extrapolam o âmbito do Projeto GEF-Mar e incluem a definição de alvos de monitoramento, indicadores e protocolos que poderão ser aplicados em diferentes tipologias de Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (AMCPs).” explica Tathiana Chaves de Souza, da COMOB/ICMBio.
“As bolsas do GEF-MAR são uma inovação e uma alternativa fantástica à contratação de consultorias, por exemplo.” acrescenta Tathiana. “As interações com os consultores são esporádicas, e por isso a relação é menos colaborativa. Nosso contato com os bolsistas é constante, isso proporciona mais trocas, construímos juntos os resultados. Como servidores e gestores, também aprendemos, e podemos internalizar o conhecimento gerado no desenvolvimento das atividades.” diz ela.
A gestão participativa das UCs, que representa um marco importante para sua implementação e consolidação, também atrai o interesse de bolsistas. Na Resex Marinha do Corumbau (BA), Karina Lopes Ramos, doutoranda de ecologia e conservação da biodiversidade da Universidade Estadual de Santa Cruz, tem entre suas atividades apoiar as ações da Câmara Temática de Pesquisa, Monitoramento e Projetos do Conselho Deliberativo da unidade. “Uma das funções da Câmara Técnica é discutir as propostas de pesquisa que chegam à unidade com comunitários e instituições colaboradoras. O entendimento dos objetivos das pesquisas é algo fundamental para a manutenção e melhoria da relação entre as comunidades e os acadêmicos que realizam ou pretendem fazer pesquisa na região.” explica Karina.
Na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, quatro bolsistas colaboram para o monitoramento de biodiversidade marinha, na pesquisa e no manejo do peixe-boi em Porto de Pedras, na avaliação da efetividade de Conselhos Municipais e do Conselho da Unidade e em iniciativas de educomunicação para a conservação. Iran Normande, analista ambiental e chefe da APA Costa dos Corais, fala com entusiasmo dos resultados: “Executamos pesquisas que são diretamente ligadas à gestão da APA Costa dos Corais em um ritmo mais veloz do que seria possível em uma parceria convencional com a academia, por exemplo. Ao mesmo tempo, geramos informação e dados que alimentarão teses, artigos e outros produtos científicos e perdurarão no ambiente acadêmico.”