MICROBIOMA DOS ANFÍBIOS DO CERRADO – O EFEITO DA AGRICULTURA NA COMUNIDADE DE MICRORGANISMOS SIMBIÓTICOS QUE INFLUENCIAM AS INTERAÇÕES HOSPEDEIRO-PATÓGENO

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MICROBIOMA DOS ANFÍBIOS DO CERRADO – O EFEITO DA AGRICULTURA NA COMUNIDADE DE MICRORGANISMOS SIMBIÓTICOS QUE INFLUENCIAM AS INTERAÇÕES HOSPEDEIRO-PATÓGENO

Pesquisa Realizada por: Camila Fernanda Moser

Ano: 2021

Linha: Conservação manejo e uso sustentável de fauna e flora

Bioma: Cerrado


Nível Acadêmico: Doutorado

O Brasil tem a maior riqueza de anfíbios do mundo, com quase 1200 espécies conhecidas. Essa biodiversidade é ameaçada por diversos motivos, um deles são os patógenos, como por exemplo o fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd). Esse fungo, também conhecido como quitrídio, infecta os anfíbios através da sua pele permeável, causando uma doença chamada quitridiomicose. Essa doença diminui as defesas naturais, ou seja, enfraquce a imunidade, e pode levar à morte em massa desses animais.

Na superfície da pele dos anfíbios existe um conjunto de microorganismos, como bactérias, por exemplo, chamado de microbioma. O microbioma tem função essencial no sistema imune dos anfíbios. Muitas bactérias presentes no microbioma tem a capacidade de dificultar ou facilitar a infecção por Bd. Por isso, entender quais espécies de microrganismos habitam a pele desses animais e como elas se relacionam com os hospedeiros é fundamental para entendermos mais sobre a infecção pelo fungo Bd. Diversos fatores podem moldar o microbioma dos anfíbios, como por exemplo: hospedeiro (sistema imune do indivíduo, variação genética e história de vida da espécie), micro-habitat (microrganismos presentes no ambiente, temperatura e umidade local) e também pelas mudanças de estações (estação seca e chuvosa). Além disso, estudos demonstram que, por exemplo, os agrotóxicos utilizados no controle de pragas podem alterar o microbioma dos anfíbios. O enriquecimento de corpos d’água com nutrientes de práticas agrícolas pode influenciar as espécies e quantidade de bactérias presentes no ambiente.

Nosso projeto irá tentar compreender como as mudanças nas paisagens naturais influenciam o microbioma e a imunidade dos anfíbios do Cerrado. Mas porque os anuros do Cerrado? Entre os biomas do Brasil, o Cerrado é o segundo com maior extensão, possui uma alta riqueza de espécies endêmicas (que só existem no Cerrado) e uma alta taxa de fragmentação. Essas características tornam o Cerrado um dos hotspot (pontos-quentes) de biodiversidade mundial. Apesar da sua importância, as informações disponíveis sobre quitridiomicose e microbioma dos anfíbios do Cerrado são praticamente inexistentes.

Para atingir nosso objetivo principal, pretendemos: testar se o microbioma entre as populações de anfíbios é diferente em diferentes áreas; testar se existe diferença na intensidade da infecção por Bd em ambientes naturais e agrícolas; testar se ambientes com maior influência agrícola possuem quantidades diferentes de bactérias facilitadoras e inibidoras de Bd do que ambientes mais conservados; testar se espécies com diferentes histórias de vida respondem de maneira diferente às mudanças nas interações microbioma-Bd.

Baseado em nossas leituras, acreditamos que o microbioma irá variar entre as populações que ocorrem em diferentes ambientes: as populações que ocorrem em áreas mais perturbadas (por exemplo, perto de terras agrícolas) terão um microbioma com diversidade de espécies bacterianas relativamente mais baixas do que as populações em áreas naturais. Acreditamos também que a presença e intensidade da infecção por Bd será maior em indivíduos que ocorrem em áreas que sofrem maior pressão agrícola do que em indivíduos que vivem em ambientes mais naturais. Além disso, acreditamos que o microbioma das populações que ocorrem em ambientes com alta variação nas condições ambientais (temperatura, pH, vento, umidade, precipitação) será composto principalmente por espécies bacterianas generalistas.

Currículo Lattes

Biografia:

Sou bióloga bacharel (2018) e licenciada (2020) formada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Logo no primeiro semestre de graduação entrei como voluntária no Laboratório de Ecologia de Vertebrados Terrestres (LEVERT – tozettilab.org). Após um ano como voluntária, passei a ser bolsista de iniciação científica durante três anos. Nesse período, trabalhei principalmente com diversidade de anfíbios e répteis, ecologia trófica e espacial, orientada pelo prof. Dr. Alexandro Tozetti. Em outubro de 2018 iniciei meu mestrado em Zoologia na Universidade Federal do Pará (UFPR) orientada pelo prof. Dr. Rodrigo Lingnau. Minha dissertação foi estruturada em quatro capítulos e abordou ecologia trófica e bioacústica de anfíbios endêmicos da Mata Atlântica. Em março de 2021 ingressei no doutorado em Zoologia pela Universidade Federal do Pará, orientada pelo prof. Dr. Pedro Peloso e co-orientada pelo prof. Dr. Guilherme Becker (Penn State University).

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