Para propor estratégias de conservação florestal mais eficientes, é útil saber como mudanças ambientais estão influenciando os genomas de espécies ameaçadas, em termos de seleção natural sobre genes específicos. Com esse objetivo, o objeto do estudo realizado na Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus, Bahia) é relacionado aos possíveis genes sob seleção em populações de palmito-juçara (Euterpe edulis), espécie vulnerável da Mata Atlântica e de grande importância ecológica para mais de 70 espécies animais que dela dependem. As amostras de indivíduos de palmito-juçara coletadas em cinco estados do Brasil têm fragmentos de seu DNA sequenciado. Por meio de alinhamentos dos fragmentos encontramos polimorfismos de nucleotídeo único, as “letras” que mudam de um indivíduo para outro.

Com isso, é possível analisar as frequências dos alelos dos genes, e como os alelos se diferenciam de uma população para outra. Analisamos como essas variações estão correlacionadas com a variação da cobertura florestal e do clima. As funções dos genes são estimadas por meio de comparações com genes de outras espécies, em busca de funções envolvidas em resposta ao estresse ambiental. Assim, a expectativa é que tais conhecimentos futuramente tornem possível restaurar regiões florestais com indivíduos de populações que tenham maior diversidade de alelos, ou alelos que conferem adaptação às mudanças ambientais em cada região, ajudando a conservar a biodiversidade do bioma. O projeto é realizado em parceria com as Universidades Federais de São Carlos, do Rio de Janeiro e de Alagoas, e do Programa Arboretum de Conservação e Restauração da Diversidade Florestal.