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Uso público: GEF Mar faz a diferença de janeiro a janeiro
As piscinas naturais da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, distribuídas por 120 km de litoral entre Alagoas e Pernambuco, estão entre os passeios mais desejados do verão no Nordeste brasileiro. Muito sensíveis à presença humana, elas precisam ter sua visitação controlada.
Segundo o balanço oficial da visitação divulgado pelo ICMBio em fevereiro de 2017, a APA Costa de Corais recebeu 235 mil visitantes durante o ano de 2016, o que lhe garantiu o sétimo lugar na lista de unidades de conservação federais mais visitadas. Desde 2013, figura no ranking das dez mais visitadas.
“A contagem de visitantes é feita apenas nas piscinas naturais regulamentadas. Se fossem consideradas as zonas que estão em processo de ordenamento e as praias, onde não são contados os visitantes, os números oficiais de visitação da unidade seriam ainda maiores.” explica Eduardo Almeida, analista ambiental do ICMBio e ponto focal de uso público da APA. Ele conta que o número de visitantes na cidade de Tamandaré (PE), uma das mais famosas da região, chega a ser três vezes maior do que o número de habitantes, que somam pouco mais de 20 mil pessoas segundo o IBGE.
Eduardo acrescenta que em 2017 ampliaram a base de informação sobre visitação com a colaboração dos municípios onde estão localizadas as piscinas. Ele estima que a visitação de Paripueira, por exemplo, pode gerar um aumento de 20% em relação ao número total de 2016. Também estão regulamentadas as piscinas de Maragogi e Japaratinga, localizadas em Alagoas, e da pernambucana São José da Coroa Grande.
Durante todo ano, os recursos do Projeto GEF Mar possibilitam mobilizar e integrar diferentes setores nas ações de fiscalização: fiscais de outras unidades do ICMBio, policiais e servidores de órgãos ambientais locais, e até contingentes da Polícia Federal e da Marinha. Segundo Eduardo, no verão este apoio é fundamental para a equipe da unidade não ficar sobrecarregada com o aumento de infrações como o trânsito de veículos de turistas na areia e a superlotação de barcos de passeio sob a responsabilidade dos operadores de turismo, por exemplo.
Na outra ponta da costa brasileira, em Santa Catarina, nos 130 km de costa marítima entre o sul da ilha de Florianópolis e o Balneário Rincão, a equipe da APA da Baleia Franca lida com problemas semelhantes e também conta com o GEF Mar para enfrentar a sobrecarga de turistas que lotam suas praias. Segundo Ronaldo Costa, analista ambiental do ICMBio e chefe-substituto da unidade, o número de visitantes neste verão deve chegar a 200 mil, dez vezes o número de pessoas que habitam o território da APA.
“Os barcos dos veranistas competem por espaço no mar com os barcos de pesca na APA da Baleia Franca gerando conflitos que temos que aplacar. O uso de barco é fundamental para a fiscalização e sem o combustível adquirido pelo Projeto GEF Mar não teríamos como fazer a nossa parte e também não poderíamos colaborar com os órgãos que não têm recursos para isso.” comenta Ronaldo.
Conciliar uso público e conservação é um desafio para gestores em áreas protegidas com tantos atrativos, que recebem visitantes com perfis distintos e têm impacto direto na renda e na cotidianidade das comunidades locais. “Entre as metas da APA Costa dos Corais em 2018 está a capacitação para o fortalecimento do conceito de turismo de base comunitária, de menor impacto, no passeio para ver peixes-boi em Porto de Pedras e nos atrativos naturais de Coroa de São Bento e Tamandaré. A proposta é agregar valor às atividades com a vivência de aspectos culturais como o uso de jangadas.” conta Eduardo Almeida.
Na APA da Baleia Franca, a expectativa é alta em relação à possível retomada do turismo de observação de baleias embarcado (TOBE), suspenso na região em 2012 pela Justiça Federal causando grande frustração em operadores e turistas. Na baixa temporada, de junho a novembro, a presença da baleia franca movimenta o Litoral Sul catarinense, gerando atividade turística em municípios como Laguna, Imbituba e Garopaba. Em 2012, cerca de cinco mil pessoas fizeram o passeio embarcado.
“Um dos pontos que levou à proibição do TOBE na APA da Baleia Franca foi a falta de informações sobre possíveis danos que podem ser causados às baleias pela movimentação de barcos de turismo. Por isso iniciamos em 2017 uma pesquisa científica, em parceria com a Universidade do Estado de Santa Catarina e com o Projeto Baleia Franca, para avaliar durante três anos o comportamento das baleias franca antes, durante e após a aproximação de embarcações.” explica Ronaldo Costa.
Ronaldo conta que outro fator crucial para que a atividade volte a acontecer é a existência de um plano de monitoramento robusto, o que será possível com apoio do GEF Mar. “O monitoramento do TOBE será feito pelo bolsista do projeto, que é doutor em cetáceos e vamos formar observadores de bordo para acompanhar cada passeio. Além disso, vamos adquirir uma embarcação para dar suporte às ações de pesquisa e também ao plano de proteção.” acrescenta ele.
Visitadas de janeiro a janeiro, as praias nas unidades de conservação apoiadas são apenas uma parte da imensa área costeira e marinha sob a responsabilidade do ICMBio e órgãos gestores estaduais de unidades de conservação parceiros do projeto. “O apoio do GEF Mar a todas as ações finalísticas proporciona à equipe da unidade maior presença institucional e visibilidade no território, ao longo de todo o ano. Isso fortalece o papel estratégico da unidade de conservação na gestão territorial dos recursos naturais.” conclui Eduardo.