Notícias
Tradição e modernidade se encontram em exposição para celebrar cultura Kayapó
Até o fim de novembro (dia 26), o projeto Tradição e Futuro na Amazônia (TFA) transforma o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói em território cultural Kayapó. Na abertura da mostra “Mekukradjá Obikàrà: com os pés em dois mundos”, no fim de outubro, o Cacique Raoni e outras lideranças da etnia celebraram a cultura e a memória do povo Mebêngôkre-Kayapó
“É nosso papel estarmos sempre juntos defendendo a natureza e a floresta em pé”, disse o Cacique Raoni para as centenas de pessoas que se reuniram para ouvi-lo no pátio do museu.
Mekukradjá Obikàrà”, o conceito que inspirou e nomeia a mostra, pode ser traduzido para o português como “cultura impura”, resultado da mistura entre a modernidade e tradições Kayapó. Para retratar essa história, membros do Coletivo Audiovisual Beture, responsáveis pela curadoria da exposição, percorreram aldeias Kayapó para produzir materiais que desconstroem estereótipos sobre a população indígena e fortalecem a cultura da comunidade por meio de um olhar voltado para o futuro, mas que respeite e honre o passado.
“Estamos no MAC de Niterói trazendo a visibilidade da riqueza dos povos indígenas. É uma exposição construída juntamente ao Coletivo Audiovisual Beture, que é um coletivo de cineastas indígenas. Eles têm todo o protagonismo desse espaço. A gente traz os aspectos tradicionais do povo Kayapó e também a cultura e o modo de vida que foram se moldando ao longo do tempo”, disse Dante Novaes, gerente do Tradição e Futuro na Amazônia, no FUNBIO.
Em quase 28 anos, o FUNBIO já apoiou 73 Terras Indígenas e um número superior a 50 etnias. O TFA, voltado a projetos com organizações do povo Kayapó, é um exemplo dessa bem-sucedida parceria com povos originários. E essa exposição é uma oportunidade de conhecer de perto obras produzidas pela nova geração do povo Mebêngôkre-Kayapó.
Além de contar com a curadoria do Coletivo Audiovisual Beture, que leva fotografias e filmes ao espaço de exibição – incluindo arquivos históricos -, a abertura foi marcada por cânticos e danças tradicionais dos Kayapó, o chamado Metoro, projeção no prédio modernista de Oscar Niemeyer, além de feira de artesanato, oficina de pintura corporal e roda de conversa.
“Este é o momento de festejar e valorizar a riqueza da cultura indígena, em exibição de forma coesa, emocionante e inesquecível. Até o dia 26 de novembro, Niterói é Terra Kayapó”, completou Dante.
A exposição tem patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental, por meio do TFA, gerido pelo FUNBIO. As organizações representativas parceiras do projeto são o Instituto Kabu, a Associação Floresta Protegida – AFP, o Instituto Raoni – IR. A Conservação Internacional (CI-Brasil) também apoia a iniciativa.