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Quantas gotas formam um oceano?
O evento reuniu comunitários e pesquisadores de várias regiões do litoral fluminense. Foto: FUNBIO
Teve canto, teatro e feira. Teve risos, abraços e lágrimas. Fugindo do padrão formal e acadêmico que costuma povoar os seminários, o I Encontro do Projeto Educação Ambiental, organizado pelo FUNBIO, ficou marcado justamente por uma condução mais flexível, dinâmica e – por que não? – animada. Nos dias 22 e 23 de novembro, cerca de 120 pessoas se reuniram em um hotel na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, para um frutífero intercâmbio entre iniciativas espalhadas por comunidades pesqueiras do estado fluminense.
“O formato do seminário foi muito voltado para que as comunidades fossem as protagonistas. Não eram os coordenadores técnicos ou a academia que ficavam dando palestrinha”, brinca Giovane do Nascimento, que atua no projeto Guardiães das Tradições Pesqueiras. Ele foi acompanhado por um time de mulheres caiçaras e marisqueiras de Búzios, que estiveram à frente das apresentações e articulações durante o evento.
E o objetivo era este mesmo, conta a gerente de portfólio da área de Obrigações Legais do FUNBIO, Manuela Mossé Muanis. “A gente quis sair daquela mesmice de apresentações estáticas, com power point. As comunidades trouxeram seus produtos para vender, seus artesanatos, e as pessoas rodavam entre as mesas para conhecer cada projeto, como se fosse uma feira de ciências”, relembra.
O ambiente mais solto acabou favorecendo as trocas de ideias e vivências, um dos objetivos principais do encontro. “Conhecemos muita gente, batemos papo, dividimos experiências, tudo isso em um ambiente de horizontalidade. As dinâmicas foram feitas de forma bastante lúdica. Mas com método: não era o lúdico pelo lúdico”, diz Giovane.
Dentre os 24 projetos representados no encontro, havia experiências já finalizadas, algumas no meio do processo de execução e outras ainda iniciando os trabalhos. É o caso da iniciativa Maricultura Multitrófica de Arraial do Cabo, que chegou ao seminário com apenas dois meses de atividades.
“O evento contribuiu muito para nós, que estamos começando. Vimos de que forma os outros projetos chegaram às etapas finais e que dificuldades tiveram pelo caminho”, diz um dos coordenadores, Murilo Marins da Silva Gomes. “Aprendemos bastante! Nosso projeto vem sendo sonhado há mais de 10 anos, então este é um momento único para nossa instituição. Realmente estamos sendo ouvidos: já é realidade. E já está mudando a nossa realidade.”
Acompanhada por outras companheiras da Praia do Aventureiro, de Ilha Grande, a coordenadora do projeto Cultura, Agroecologia e Sustentabilidade Caiçara do Aventureiro (CASCA) também reafirma a importância do encontro para tornar suas ações no dia a dia ainda mais efetivas. “Os aprendizados que a gente trouxe potencializam nosso trabalho e permitem que a gente direcione melhor os caminhos do projeto daqui para frente”, diz.
Mas para além dos ganhos locais, os participantes apontam uma conquista ainda maior do encontro: a integração dos projetos de educação ambiental nas comunidades pesqueiras do Rio de Janeiro. “No seminário ficou claro que todo esse movimento não é de uma organização só, mas de muitas organizações”, diz Murilo.
E Giovane Nascimento complementa: “Essas conexões entre os projetos são muito importantes para a gente entender que o problema ambiental não é algo só de Angra dos Reis, de Búzios, da Baía de Guanabara: é algo sistêmico. Não adianta meu projeto sozinho ter inúmeras realizações pois isso vai ser um pingo no oceano. Construir e fortalecer essa rede é fundamental para que as ações não sejam feitas de forma fragmentada: precisamos agir de maneira integrada!”