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Plano visa recuperar 30 hectares de matas secas e tabocais na RPPN Sesc Pantanal
O projeto RPPN Sesc Pantanal – Recuperando e Protegendo planeja concluir em novembro de 2023 o plantio total de 7,8 mil mudas nativas em 30 hectares de matas secas e tabocais atingidas pelos incêndios de 2020. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é a maior unidade de conservação (UC) privada do país. Localizada no Mato Grosso, a UC abrange uma extensão de 108 mil hectares e protege uma grande diversidade de espécies e ecossistemas.
As matas secas e os tabocais são o foco das ações de recuperação das áreas degradadas do projeto implementado pela Fundação Pró-Natureza (Funatura). As matas secas desempenham um papel fundamental de proteção do solo contra a erosão e conservam a biodiversidade local, fornecendo abrigo e alimento para espécies de aves, mamíferos e répteis. Quando apresentam degradação, principalmente ocasionada pelo fogo, pode ocorrer a invasão de taboca – uma espécie de taquara ou bambu – em um solo mais seco e menos pantanoso em comparação com outras zonas pantaneiras.
Os 30 hectares a serem recuperados foram identificados em um levantamento de campo entre julho e agosto de 2022. Com base nesses dados, foi elaborado o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) para a RPPN Sesc Pantanal.
“O PRAD é importante porque fornece um roteiro de trabalho. Identifica as áreas mais degradadas. Tem a análise de imagens de satélite e quais áreas têm maior necessidade de intervenção”, explica o coordenador-geral do projeto pela Funatura, Cesar Victor do Espírito Santo. Concluído no final do ano passado, o plano definiu os métodos de restauração a serem adotados: plantio por mudas e regeneração natural.
A primeira ação de restauração foi realizada em 7 hectares entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. A ação consistiu no plantio de 1,8 mil mudas nativas em matas secas.
O trabalho de restauração nos demais 23 hectares será realizado entre outubro e novembro. O plantio prevê 6 mil mudas nativas, com estratégias de adensamento – reintrodução de plantas em espaços com falhas na regeneração natural – e enriquecimento, que visa aumentar a diversidade da vegetação nas matas secas. Ações de regeneração natural e semeadura direta adicionais vêm sendo estudadas.
A aquisição das mudas é realizada por meio de acordos com dois viveiros comunitários mantidos pela Associação dos Produtores Rurais do Capão do Angico (Apruca) e pela Associação Rural de São Pedro de Joselândia (Arsapejo), em Poconé (MT) e Barão de Melgaço (MT) respectivamente. Os viveiros contam com o apoio da iniciativa AquaREla Pantanal, que é parceira do projeto da Funatura na UC.
“A recuperação de áreas como essas envolve as comunidades do entorno da RPPN. As mulheres produzem mudas que são plantadas no processo de restauração das matas secas. A realização do PRAD envolve a comunidade local e serve para sensibilizar e engajar as pessoas para a conservação da natureza”, afirma a responsável pelo acompanhamento técnico da implantação e monitoramento do PRAD na RPPN Sesc Pantanal, Erica Cezarine de Arruda. Erica é pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INCT-INAU) e do Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP).
A recuperação das áreas é exemplo de cooperação entre comunidades locais, pesquisadores e organizações da sociedade civil, e serve como modelo para futuros projetos de restauração e conservação no Pantanal.