TRADIÇÃO E FUTURO NA AMAZÔNIA

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09/01/2023

PGTA da TI Menkragnoti: etapa das oficinas regionais é retomada

Foto: Adriano Jerozolimski

 

Após um hiato de aproximadamente quatro meses, voltaram a ser realizadas as oficinas regionais do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena (TI) Menkragnoti (PA), etapa do processo de elaboração do documento que será uma importante ferramenta de administração da maior TI do território Kayapó.

Entre os dias 4 e 12 de dezembro, as aldeias Kendjam e Karemá, vinculadas à Associação Floresta Protegida (AFP), receberam reuniões em que foram aprofundadas discussões sobre o uso dos recursos naturais locais e a proteção de locais sagrados de seu território, entre outras questões iniciadas na 1ª Oficina Geral do PGTA, que reuniu representantes de diversas aldeias em agosto.

Um dos materiais produzidos durante a oficina foi um etnomapeamento que destacou os pontos de referência do rio Iriri, desde o local da antiga aldeia Pykany até o limite da TI, após a aldeia Karemá. Nele, também foram representadas as roças e áreas de recursos de subsistência – como plantas medicinais, castanhais e cumaruzais -, além das áreas de turismo e pesca esportiva.

Além dos resultados esperados, o processo de construção do PGTA tem proporcionado também maior aproximação entre os jovens Kayapó e os mais velhos, criando ambientes de transmissão e registro de conhecimentos históricos, como o surgimento de novos grupos e os deslocamentos feitos pela comunidade no passado. “Guerreiros saíram do Kapoto (região em Mato Grosso) quando era jovem e chegou a Altamira (PA). Depois, o Bepgogoti levou um grupo para lá, criou a aldeia do Mekrãgnoti e passou a ser chefe dela”, contou Mryprire Kayapó, com a ajuda de Mopdjô Kayapó.

PGTA

O PGTA é um documento elaborado pelos próprios indígenas a partir de princípios e diretrizes da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), como o da sustentabilidade. Uma das suas funções mais relevantes é indicar como serão utilizados os recursos naturais ali existentes para assegurar qualidade de vida a esses povos, bem como sua preservação física e cultural. Ele aponta ainda como devem ser atendidas as necessidades de educação, saúde, segurança e geração de renda dos povos que habitam a terra indígena. Trata-se de um instrumento tão importante que os indígenas o chamam de “plano de vida”.

Por isso, os momentos de escuta e reflexão proporcionados pelas oficinas são tão importantes no processo de construção do PGTA. Para que o plano atenda toda a população da TI Menkragnoti, habitada por cerca de 2 mil indígenas, é preciso ouvir as demandas de todos os grupos que vivem nela.

Em agosto de 2022, foram realizadas oficinas regionais em aldeias representadas pelo Instituto Kabu: a Kubenkokre – com a participação de representantes das quatro aldeias da região central da TI – e a Pykatoti – com a participação de representantes das seis aldeias da região oeste da TI.

As aldeias associadas ao Instituto Raoni também receberão essa atividade nos próximos meses. A expectativa é que, cumprida esta etapa, uma nova oficina geral seja realizada em meados de 2023 para consolidar as informações obtidas nesse processo e avançar na produção do PGTA.

A construção do PGTA é uma das iniciativas do Tradição e Futuro na Amazônia, projeto patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental e gerido pelo FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade).

 

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