Foram realizadas 40 entrevistas;
As informações dos pescadores coincidem com a literatura para aspectos da biologia da espécie, como período reprodutivo, padrões de alimentação e relações parasitárias;
No entanto, novos padrões foram descritos pelos pescadores. Esses novos padrões apontaram para uma provável redução no tamanho corporal máximo dos peixes e no tamanho de primeira maturação;
Além disso, apontam para um período adicional de reprodução no verão, e a presença de ventos de norte e leste favorecendo o aparecimento de indivíduos na Baía de Sepetiba;
Os pescadores associaram essa época de desova a uma possível população residente que fica a maior parte do tempo sob estruturas formadas por cais de megaempresas na Baía de Sepetiba. Além disso, a tainha pode estar formando diferentes populações no litoral Sudeste-Sul do Brasil, com parte dessas populações entrando na Baía de Sepetiba;
Esses pontos levantados precisam ser testados por meio de estudos biológicos, que possam auxiliar no manejo e conservação deste importante recurso pesqueiro nas regiões sudeste e sul do Brasil.
Identificação de processos de extinção local e/ou inclusão de novas espécies de importância comercial a partir do conhecimento tradicional, de São Francisco de Itabapoana a Armação de Búzios.Foram entrevistados 85 pescadores artesanais;
Os registros citados pelos pescadores mostraram redução na escala e no número de grandes eventos de captura de tubarões, com queda de 62,4% na captura total, ao mesmo tempo em que se tornaram 60% mais raras as ocorrências de grandes capturas nos últimos 20 anos;
O estudo permitiu resgatar e adicionar mais dois registros da presença do tubarão-branco, Carcharodon carcharias, em águas brasileiras, espécie com rara ocorrência previamente reportada na costa atlântica da América do Sul;
Outros registros foram feitos como o do tubarão-tigre Galeocerdo cuvier, com quatro capturas relatadas, indicando a presença de indivíduos juvenis e adultos na região. Assim como grandes capturas em volume de produção do tubarão-galha-preta Carcharhinus brevipinna, em Arraial do Cabo, em 2005. Também foi resgatada a captura de um exemplar do robalo-flecha Centropomus undecimalis, que pode ser o registro de maior tamanho para a espécie. O peso reportado para o espécime capturado foi de 30 kg, o que potencialmente representaria um indivíduo de cerca de 1,5m de comprimento total (CT). Tais dimensões são superiores aos recordes reportados para o gênero no Brasil (1,13m CT) e no restante do Atlântico Ocidental (24,3 kg) (IGFA 2019);
O conhecimento tradicional demanda que as novas gerações sejam capacitadas pelas gerações anteriores para minimizar a perda do conhecimento transmitido. Dessa forma, quando a mudança de paradigma se traduz em alterações na composição e biomassas, a perda do conhecimento tradicional também estimula a perda na capacidade de reconhecer a fauna local, o que inviabiliza que mudanças desses componentes sejam perceptíveis pelas gerações seguintes.