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Protagonismo feminino na conservação da Amazônia
A gestão das áreas protegidas da Amazônia tem sido marcada pelo de mulheres que desafiam barreiras para garantir a conservação do bioma e o fortalecimento das comunidades tradicionais. Entre elas, Damiana Lima Maciel e Daniela Moreira dos Santos Machado têm desempenhado funções essenciais na fiscalização e gestão das Unidades de Conservação (UCs).
Damiana Lima Maciel, técnica ambiental da Coordenação de Fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), destaca o período em que atuou na Unidade de Conservação (UC) de Itaituba, no estado do Pará, como fundamental para sua formação profissional. “Esse período me fez enxergar que a conservação da Amazônia é um processo dinâmico e complexo, que deve estar alinhado às políticas ambientais municipais, estaduais e federais”, explica.
Na UC, Damiana foi responsável pela agenda de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, uma área predominantemente masculina. “No início foi um desafio, pois na maioria das vezes estive em campo com grupos grandes de homens, sendo a única mulher na equipe. Mas consegui realizar meu trabalho com seriedade, com respeito, e mostrando que as mulheres têm um papel essencial na gestão ambiental”, relata.
Para ela, a fiscalização é essencial para a conservação da Amazônia. “É fundamental que as comunidades vejam que é possível obter renda sem comprometer os recursos naturais”, destaca.
Daniela Moreira dos Santos Machado, que atuou na gestão da Reserva Extrativista (Resex) Rio Pacaás Novos, que tem 342.903.5029 hectares de extensão, em Rondônia, destaca que a conservação precisa ser pensada a partir da realidade das populações locais. “Trabalhar na Resex me mostrou que existem muitas Amazônias, todas marcadas pelas histórias dos povos tradicionais. A floresta é viva e precisa ser protegida junto com seus habitantes”, afirma.
Um dos projetos mais marcantes de sua trajetória foi a instalação de energia solar na única escola da UC, por meio do Projeto Mais Luz Para a Educação. “A elaboração do projeto foi um esforço coletivo, unindo a equipe gestora, instituições de ensino e a comunidade. A solução trouxe energia limpa e permitiu a reestruturação do laboratório de informática da escola, beneficiando crianças e moradores”, conta Daniela.
Para ela, o trabalho coletivo é essencial para o sucesso de projetos dentro das UCs. “A gestão de uma Resex exige empatia e diálogo constante com diferentes agentes públicos e atores sociais. A inclusão de mulheres nas equipes também fortalece a gestão, trazendo perspectivas diversas para enfrentar os desafios”, afirma.
Tanto Damiana quanto Daniela enfatizam a necessidade de maior presença institucional dentro das UCs, com servidores atuando diretamente no território.
Na fase 3, iniciada em 2014, o Programa ARPA alcançou mais uma superação de meta. Além de apoiar a consolidação de mais de 60 milhões de hectares, o programa expandiu a malha de Unidades de Conservação na região, viabilizando a criação de mais 6 milhões de hectares em novas UCs na Amazônia. Além disso, mais de 37 mil famílias diretamente beneficiadas e cerca de 1,5 mil servidores foram capacitados (47% mulheres).
O ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem o FUNBIO como gestor e executor financeiro. É financiado com recursos de doadores internacionais e nacionais, entre eles o governo da Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), o Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial, a Fundação Gordon and Betty Moore, a Anglo American e o WWF.