Uma oficina promovida pelo FUNBIO no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros/GO apresentou a gestores, representantes de governos e da sociedade civil a proposta de criação do Mosaico Veadeiros-Paranã. Se aprovada,  resultará no maior em número de unidades de conservação (UCs) no Brasil, cerca de 42, que totalizam 1,6 milhão de hectares. O Cerrado é hoje o bioma mais ameaçado do Brasil, e o desmatamento em 2017 aumentou 9% em comparação a 2016, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), em julho, mesmo mês em que aconteceu a oficina. A área perdida totaliza 7.408 km², quase duas vezes o Distrito Federal Os números no mesmo período superam aos da Amazônia, bioma com o dobro da área do Cerrado.

A oficina aconteceu em julho e é parte do projeto Mosaico Veadeiros, executado pelo Funbio com recursos do Tropical Forest Conservation (TFCA). É parte do projeto que tem como objetivo fazer o levantamento geográfico para concluir o cadastramento no CNUC de 14 UCs, entre municipais e reservas particulares, que ainda estão sem essa informação. Ao serem incluídas no CNUC, as UCs podem ser reconhecidas pelo SNUC, passo obrigatório para  a oficialização do mosaico junto ao Ministério do Meio Ambiente.

“O mosaico será fundamental para melhorar a gestão de questões prioritárias na chapada: o manejo do fogo, o ecoturismo e a proteção dos recursos hídricos”, explica Fernando Tatagiba, um dos maiores entusiastas pela criação do mosaico e gestor do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. A UC protege a maior porção contínua de Cerrado.

As áreas protegidas do Cerrado cumprem um papel fundamental para o abastecimento de água, protegem nascentes de seis principais rios que abastecem o Brasil, entre eles o Rio Tocantins. Além da água, o manejo do fogo também é uma questão central no bioma. Em 2017 o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros sofreu com o maior incêndio da sua história e perdeu mais de 65 mil hectares.

“Esta é uma etapa histórica para a região, e com este reconhecimento os benefícios serão enormes, entre eles novas oportunidades para a captação de recursos”, destacou  o consultor do Funbio que coordena a iniciativa, Julio Itacaramby, em entrevista ao ICMBio.

Além destss iniciativas, o FUNBIO/TFCA ainda disponibilizará mais de R$ 200 mil para o Manejo Integrado do Fogo (MIF) que tem como principais ações o treinamento para brigadistas e capacitação para o combate a incêndios, a prevenção por meio de queimas controladas, alternativas ao uso do fogo e educação ambiental.

“O projeto Mosaico Veadeiros pôde acontecer graças a três fatores: economia e foco na execução, boa condução na ponta e parcerias efetivas com ICMBIO-PNCV e MMA. Ele se soma às outras 24 iniciativas no Cerrado apoiadas pelo TFCA, totalizando mais de R$ 7 milhões de aporte em projetos no Bioma”, diz Daniela Leite, gerente do projeto TFCA no FUNBIO.