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Independência financeira
Durante o período de um mês e meio, entre agosto e setembro, 22 comunidades pesqueiras que já haviam sido contempladas em Chamadas anteriores do Projeto Educação Ambiental participaram das oficinas “Gestão colaborativa e de conflitos” e “Plano de negócios e viabilidade financeira”. Foram cinco semanas de encontros presenciais e online nas cidades de Niterói, Paraty, Cabo Frio e Rio de Janeiro. Ao final do processo, a maioria apresentou propostas de projetos para concorrer a uma nova leva de recursos.
“Os encontros foram muito construtivos. Nosso grupo jamais teve a oportunidade de absorver técnicas de organização, de convivência e raciocínio. Sempre fizemos tudo na intuição”, diz Luciana Passos Rafael, presidente da Associação Bonecas Negras, que reúne mais de 20 mulheres costureiras, artesãs e quilombolas em Búzios. “Além de podermos aplicar esses conhecimentos em nosso grupo, é também um grande aprendizado pessoal”.
A ideia das oficinas é que as comunidades consigam desenvolver estratégias de gestão financeira, gestão colaborativa e mediação de conflitos, para que no longo prazo alcancem autonomia e condições de manter suas organizações de pé e estruturadas. Este foi um dos principais gargalos identificados em um seminário realizado em 2022, quando representantes de iniciativas contempladas pelo Projeto Educação Ambiental se reuniram no Rio de Janeiro para apresentar resultados e partilhar experiências.
A partir deste diagnóstico, o FUNBIO, o Ibama e a PRIO – responsáveis pela gestão e supervisão do recurso originado do TAC Frade – decidiram alocar alguns recursos não-destinados para uma terceira rodada de apoio voltada a essas 22 instituições ligadas a comunidades pesqueiras no estado do Rio de Janeiro. Só que desta vez, o objetivo é justamente incentivá-las a desenvolverem atividades que possam garantir independência financeira no curto, médio e longo prazos.
Contando com um time de consultores e especialistas, as oficinas realizadas ao longo dos últimos meses serviram para que as organizações desenvolvessem seus próprios planos de negócio, aprendessem ferramentas e conceitos importantes de gestão, enquanto absorviam técnicas para lidar com conflitos entre pessoas, comunidades e instituições.
O resultado dos projetos que serão apoiados vai sair em novembro. Mas antes mesmo da notícia sair, os participantes já comemoram outras conquistas. “Para nós pescadores as oficinas fizeram uma diferença imensa. Estamos aprendendo a ultrapassar nossos limites, a dividir tarefas. Tudo isso está nos unindo mais e mais”, diz Edmar de Azevedo Santos, da União dos Pescadores e Maricultores de São Gonçalo (Unipesca). “É importante olhar para o que nós éramos e onde nós estamos hoje. E graças a todo esse processo nós com certeza vamos chegar bem mais longe”, diz confiante Delcio Fonseca, presidente da Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga (APELT).
Texto originalmente produzido pelo jornalista Bernardo Camara para a newsletter “Linhas do Mar” para divulgação do Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira, Projeto Educação Ambiental e Projeto Apoio a UCs.