Os ecossistemas de água doce estão sendo cada vez mais ameaçados por uma série de fatores globalmente. O aquecimento climático e a poluição estão entre as mudanças ambientais sem precedentes que esses ecossistemas enfrentam. Para compreender como as mudanças climáticas (isto é, aumento da temperatura e CO2) e a poluição por microplásticos afetam a sobrevivência e o consumo de insetos fragmentadores de riachos amazônicos e a decomposição microbiana, a presente pesquisa utilizará uma abordagem experimental em ambiente controlado (microcosmos). 

Serão coletadas larvas de Phylloicus elektoros (inseto fragmentador) do riacho Barro Branco, localizado na Reserva Florestal Adolpho Ducke (“Reserva Ducke”), Manaus – AM, Brasil. Posteriormente essas larvas serão levadas ao laboratório onde ficaram em aclimatação por um período de 72 h e fotoperíodo 12:12 h, durante o período de aclimatação as larvas se alimentaram livremente. Folhas de Goupia glabras recém caídas no chão serão coletadas e cortadas em discos de aproximadamente 8 mm de diâmetro, posteriormente tais discos serão incubados por aproximadamente 15 dias no mesmo riacho onde foram coletadas as larvas para condicionamento microbiano. Após o condicionamento, os discos foliares serão secos ao ar e pesados. 

O experimento combinará o efeito de mudanças climáticas e diferentes concentrações de microplásticos, onde será realizado em microcosmos (salas) nas quais as mudanças na concentração de CO2 e na temperatura do ar são ajustadas em tempo real para simular as previsões na Amazônia para o ano 2100. Utilizaremos uma sala controle, que manterá a temperatura e o CO2 em tempo real de Manaus, Amazonas. Três salas adicionais simularão condições de aumento da temperatura e CO2 em relação à sala controle (condição leve: temperatura = + 1,5 °C; CO2 = + 220 ppmv; condição intermediária: temperatura = + 3 °C; CO2 = + 420 ppmv; e condição extrema: temperatura = + 4,5 °C; CO2 = + 870 ppmv. Para a exposição dos microplásticos usaremos microesferas fluorescentes de poliestireno tamanho padrão de 10 µm. Utilizaremos duas concentrações de microplásticos, além do controle (0 microplásticos), sendo a concentração baixa (18 part. mL-1) e concentração alta (180 part. mL-1). Arenas de alimentação contendo 5 discos de folha serão dispostos em containers que serão preenchidos com 200 mL de água mineral que combinará as diferentes concentrações de microplásticos. Em cada containers introduziremos uma única larva para iniciar o experimento, outros containers não haverá o fragmentador permitindo mensurar a decomposição microbiana. 

Esperamos que o aumento da temperatura e CO2, e concentração de microplásticos diminuam a sobrevivência e o consumo do fragmentador P. elektoros bem como a decomposição microbiana. Assim, será possível mensurar quais condições de stress (isto é, condições climáticas e concentrações de microplásticos) os fragmentadores, assim como a comunidade microbiana são tolerantes. Além disso, tais resultados permitirão compreender os impactos desses estressores para o funcionamento ecossistêmico e saúde de riachos amazônicos, uma vez que os fragmentadores e a comunidade microbiana auxiliam na ciclagem de nutrientes e fluxo de energia nesses ambientes.  

Currículo Lattes