CRIOBIOLOGIA NO ESTUDO DE ABELHAS NATIVAS: PRESERVANDO OS POLINIZADORES HOJE PARA CONSERVAR A BIODIVERSIDADE DE AMANHÃ
Pesquisa Realizada por: Lis Marques
Ano: 2021
Linha: Conservação manejo e uso sustentável de fauna e flora
Bioma: Pampa
Nível Acadêmico: Doutorado
A importância das abelhas para a conservação ambiental é indiscutível. No caso das abelhas-sem-ferrão (Hymenoptera: Apidae, Meliponini), estas têm um papel fundamental na manutenção da flora e da fauna silvestres, uma vez que elas são responsáveis pela polinização de várias espécies vegetais dos biomas brasileiros. Com isso elas contribuem para a reprodução de muitas plantas, resultando na geração de sementes e frutos que alimentam boa parte da fauna nativa. Além disso, a criação e o manejo de abelhas-sem-ferrão, como uma atividade agropecuária, é de baixo custo e sustentável por aumentar a produção agrícola de pequenas, médias e grandes propriedades rurais. No entanto, as populações de abelhas têm enfrentado grandes desafios atuais que incluem a agricultura intensiva, os agrotóxicos e as mudanças climáticas.
Nesse contexto, a pesquisa tem como objetivo desenvolver um protocolo de congelamento de sêmen para abelhas-sem-ferrão, um procedimento fundamental que precede a inseminação artificial das rainhas. O congelamento de sêmen permite que o material genético seja armazenado por períodos indeterminados e que os espermatozóides sejam descongelados em um momento adequado para a inseminação artificial, ou seja, quando há disponível rainhas virgens para a reprodução.
A abelha nativa Scaptotrigona bipunctata, conhecida como tubuna, é a espécie alvo da nossa pesquisa. Ela tem ampla distribuição no Rio Grande do Sul e consta na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018 do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Este projeto de pesquisa é inédito no Brasil. Assim, com o apoio do Programa Bolsas FUNBIO – Conservando o Futuro, iremos desenvolver uma metodologia que irá beneficiar a reprodução de polinizadores-chave para os ecossistemas agrícolas e naturais. Com isso, esperamos contribuir para a segurança alimentar e para a conservação da biodiversidade brasileira.
Biografia:
Meu nome é Lis Santos Marques, sou médica veterinária graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e estou realizando meu doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da UFRGS. Possuo um mestrado em Ciência Animal, na área de Biotecnologia da Reprodução, pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) e um mestrado e um doutorado em Zootecnia, na área de Produção Animal, pela UFRGS. A principal linha de pesquisa que atuo é a Biotecnologia da Reprodução com ênfase em Criobiologia. Atualmente sou médica veterinária do Centro de Modelos Biológicos Experimentais (CeMBE) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Diante do declínio da população de abelhas e consciente da importância do serviço de polinização executado por elas para a conservação da biodiversidade e produção agrícola, decidi utilizar meus conhecimentos para preservar as abelhas nativas.