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Fortalecimento da Construção Naval Artesanal: Desafios das comunidades pesqueiras do RJ
Como a construção naval potencializa as interações com a pesca artesanal e a sustentabilidade de cidades litorâneas do estado do Rio de Janeiro? Essa e outras reflexões fizeram parte do 4º Encontro do Projeto Educação Ambiental: Construção Naval Artesanal, realizado em Búzios, na última semana de setembro. Neste encontro foram apresentados resultados de cinco subprojetos apoiados com recursos do Projeto Educação Ambiental, uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do campo de Frade, sob responsabilidade da empresa PRIO e conduzida pelo Ministério Público Federal – MPF.
A Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga (APELT) apresentou resultados atingidos pelo Subprojeto Estaleiro-Escola da Baía de Guanabara. “O projeto conseguiu formar 60 alunos oriundos de comunidades pesqueiras, dos quais 50% são mulheres, vibrou Aline Lima, carpinteira naval e colaboradora da iniciativa. “Além disso, dois alunos conseguiram emprego, outros dois fortaleceram seus pequenos negócios em suas comunidades, e houve uma iniciativa de mutirão para a construção de um barco, visando melhorar a condições de trabalho do pescador mais velho da turma. Foi um sucesso total!”, destacou ela.
Márcia Cordeiro, do Instituto de Pesquisa em Educação e Desenvolvimento Social (IPEDS), compartilhou também resultados conquistados pelo Subprojeto Escola de Mestres Barqueiros, desenvolvido em Armação dos Búzios e Arraial do Cabo. “Formou-se um grupo de novos carpinteiros e carpinteiras navais com 850 horas de capacitação in loco. Além disso, todos os participantes receberam equipamentos individuais e computadores para dar prosseguimento às atividades no estaleiro e nas comunidades em que atuam. Os trainees também acumularam 320 horas em oficinas técnicas e socioambientais”, ressaltou ela, pontuando o legado da iniciativa para o fortalecimento dos mestres com foco na preservação e manutenção dos estaleiros.
Dinâmica e importância do encontro
Organizado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), durante três dias, o encontro promoveu atividades voltadas ao compartilhamento de experiências e conquistas obtidas por meio da implementação de técnicas e saberes da construção naval tradicional, que representam a identidade e a história da cultura local, no processo de construção de embarcações da região.
Para a Associação de Pescadores Livres de Tubiacanga, os maiores desafios da cadeira produtiva pesqueira são “a continuidade do fortalecimento e o fomento tanto da construção naval artesanal, quanto da educação dessas comunidades para garantir a renovação da mão de obra, a melhoria das condições de trabalho, e a valorização e segurança das embarcações”, afirmou Aline Lima. O projeto atua nos municípios de Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Niterói, Rio de Janeiro e São Gonçalo.
O fomento à construção naval é um caminho estratégico para ampliar e fortalecer o conhecimento não apenas sobre embarcações, mas também sobre o meio ambiente e a economia azul, que valoriza atividades associadas ao uso sustentável de recursos marinhos e costeiros. Portanto, este pilar possibilita a proteção de comunidades tradicionais costeiras e a ampliação de estudos e pesquisas científicas.
“O seminário proporcionou reflexões que geraram grande satisfação, expôs os resultados, demonstrou os desafios e reconheceu os processos que tornaram o encontro rico e dinâmico, permitindo encerrá-lo com satisfação e gratidão!”, elogiou Aline da APELT.