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Exposição Mekukradjà Obikàrà leva milhares ao MAC de Niterói
Um “grande acontecimento”. A exposição “Mekukradjá Obikàrà: com os Pés em Dois Mundos” foi descrita dessa forma pelo Cacique Raoni Metuktire, grande líder indígena brasileiro, que prestigiou sua abertura ao lado de outros representantes e porta-vozes do povo Mebêngôkre-Kayapó, como Doto Takak-Ire e Megaron Txucarramãe.
Realizada entre os dias 28 de outubro e 26 de novembro, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, por iniciativa do projeto Tradição e Futuro na Amazônia, a mostra recebeu milhares de visitantes, que puderam mergulhar na cultura kayapó por meio de mais de 100 fotos, vídeos, peças de artesanato e instalações.
Concebida pelos jovens cineastas Kayapó que integram o Coletivo Audiovisual Beture, responsável por sua curadoria, a exposição propôs uma reflexão sobre as possibilidades e consequências do inevitável processo de intercâmbio cultural. A mistura entre os povos (não indígenas e indígenas) a partir da chegada de elementos como a tecnologia às aldeias kayapó estiveram presentes na mostra. Daí o nome da exposição que, em português, significa “cultura impura”.
Na abertura da mostra, um evento levou ao pátio do MAC aproximadamente 3 mil pessoas, que puderam assistir a um ritual de celebração comandado por uma comitiva de mais de 40 indígenas Mebêngôkre-Kayapó. Houve ainda feirinha de artesanato, pintura corporal com os tradicionais grafismos deste povo, uma apresentação do rapper Matsi e projeções feitas na fachada do museu. O momento mais esperado, porém, foi o discurso de Raoni.
“Mostrar a nossa cultura e a nossa forma de viver aqui é fundamental para que nós consigamos ser respeitados e deixemos de ser ameaçados”, explicou Raoni, que vive na Terra Indígena Capoto/Jarina, uma das seis pertencentes aos Kayapó e localizadas no sul do Pará e no norte de Mato Grosso.
A exposição foi realizada pelo Tradição e Futuro na Amazônia, projeto patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental e gerido pelo Funbio Brasil. A Conservação Internacional Brasil e as três organizações representativas dos kayapó – os institutos Kabu e Raoni, e a Associação Floresta Protegida – apoiaram a iniciativa.