ÁREAS MARINHAS SOB AMEAÇA DA CONTAMINAÇÃO: UMA AVALIAÇÃO
Pesquisa Realizada por: Beatriz Zachello Nunes
Ano: 2020
Linha: Gestão territorial para a proteção da biodiversidade
Bioma: Marinho Costeiro
Visando conter a perda contemporânea de biodiversidade, organizações nacionais e internacionais têm implementado estratégias de conservação. Entre as metas acordadas durante a 10.ª Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10) está a ampliação e o aperfeiçoamento do sistema de áreas protegidas (11.ª Meta de Aichi).
Dessa forma, várias áreas marinhas protegidas (AMPs) foram criadas e ampliadas com objetivo de atingir esta meta. Apesar disso, estudos recentes demonstram que a ocupação desordenada da costa, degradação dos habitats, pesca, espécies invasoras, as mudanças climáticas e a poluição ainda representam as principais causas de perda de biodiversidade.
Os planos de gestão da maioria dessas AMPs não contemplam os impactos da contaminação por resíduos químicos perigosos devido à impossibilidade óbvia de impedir a chegada de moléculas tóxicas nessas áreas. Apesar de vários estudos terem demonstrado a ocorrência ambiental dessas sustâncias em área protegidas ao redor do mundo, não existem informações sistematizadas sobre impactos produzidos pela contaminação marinha no interior de AMPs latino-americanas.
Para que os planos de gestão das unidades de conservação passem a contemplar mecanismos visando minimizar o problema, é preciso antes avaliar a extensão e a intensidade da contaminação química no interior das áreas protegidas. Sendo assim a presente proposta visa identificar o histórico de contaminação das AMPs da América latina por meio de um estudo meta-analítico.
Além disso, identificar e estimar os impactos da contaminação por substâncias químicas perigosas (tradicionalmente estudadas em zonas antropizadas) em 9 áreas de proteção integral do litoral brasileiro mediante avaliação em tecidos de moluscos bivalves filtradores, conhecidos como excelentes indicadores de contaminação para ecossistemas aquáticos. Finalmente, identificar os níveis recentes de contaminação em água dentro de uma AMP integral do Brasil.
Espera-se, com base nos níveis de contaminação eventualmente detectados, avaliar o risco a que essas áreas podem estar expostas. Dessa forma, a hipótese do presente estudo é que as UCs de proteção integral do litoral brasileiro estão contaminadas por resíduos químicos perigosos em níveis que podem comprometer seus objetivos de conservação.
Biografia:
Sou bióloga marinha formada pela UNESP, mestre em Biodiversidade, Ecologia Marinha e Conservação pela UNIFESP e atualmente estou cursando doutorado em Oceanologia na FURG. Meu projeto atual tem grande potencial para trazer, de forma ampla e completa, como a contaminação por substâncias químicas perigosas em áreas de proteção ambiental afeta diversas matrizes ambientais. Além de acadêmica, também sou atleta de jiu jitsu, o que me oferece um suporte para a rotina como pesquisadora.