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FLORESTA VIVA

Restauração ecológica dos biomas brasileiros com recursos do Fundo Socioambiental do BNDES e de instituições apoiadoras

FUNDO DA AMAZÔNIA ORIENTAL

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AMAZÔNIA VIVA

Mecanismo de Financiamento Amazônia Viva fortalece organizações, negócios e a cadeias da sociobiodiversidade

PESQUISA MARINHA E PESQUEIRA

Conheça a iniciativa de apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira no Rio de Janeiro

ARPA

O maior programa de conservação de florestas tropicais do planeta

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Postado dia 26 setembro 2024

Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos : Proteção e Convivência em Harmonia com a Natureza

Situado na divisa entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, próximo à foz do rio Mampituba, o Refúgio de Vida Silvestre (REVIS) da Ilha dos Lobos é uma das áreas protegidas que desempenha um papel de grande relevância na conservação da biodiversidade costeira do Brasil. Criado em 1983 como uma reserva ecológica, o refúgio foi recategorizado em 2005, e sua área teve uma ampliação considerável, englobando além das rochas, os 500m de mar que está ao redor. Graças a essa ampliação, foi possível integrar vários ecossistemas marinhos que compõem essa área, reforçando a importância dessa unidade de conservação para a proteção de espécies ameaçadas. O refúgio não carrega esse nome por acaso. A Ilha dos Lobos é habitat temporário para várias espécies de lobos e leões marinhos, que utilizam o local como área de descanso e alimentação. A presença dessas espécies é um indicativo da qualidade ambiental da região e reflete o equilíbrio ecológico alcançado por meio das ações de conservação conduzidas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e apoiadas pelo GEF MAR. Essas espécies, além de contribuírem para a manutenção da biodiversidade, desempenham um papel simbólico na sensibilização da comunidade local e dos visitantes sobre a importância da preservação ambiental. Um dos pilares do trabalho realizado pelo ICMBio na REVIS da Ilha dos Lobos é o monitoramento constante da fauna e da flora. Equipados com drones, os técnicos da instituição realizam semanalmente o levantamento das espécies presentes no refúgio, monitorando tanto a ilha quanto as praias ao redor, onde é comum observar pinípedes (lobos e leões marinhos) descansando nos meses mais frios do ano. Juliano Rodrigues, gestor do REVIS da Ilha dos Lobos, reforça os ganhos do projeto: “Como Unidade de Conservação, entendo que o nosso ganho é múltiplo, pois melhora a conservação dos recursos naturais protegidos pela unidade, facilitando nossa interação com a comunidade, pois entendemos melhor as suas necessidades e expectativas e eles as nossas. E por fim, atendemos nossa missão, que nada mais é que proteger a natureza com as pessoas”. Esse trabalho permite não apenas contabilizar as populações, mas também identificar padrões de migração e saúde das espécies, dados essenciais para a tomada de decisões estratégicas. Além do monitoramento, a Ilha dos Lobos se beneficia de diversas parcerias com universidades e ONGs, que desenvolvem pesquisas voltadas para a conservação e manejo sustentável dos recursos naturais. Os projetos em curso incluem estudos sobre a dinâmica populacional dos lobos-marinhos, a qualidade das águas e a conservação da vegetação costeira. Esses estudos geram conhecimento científico que embasa as políticas de gestão e fortalece o papel do refúgio na preservação ambiental. Educação Ambiental e o Envolvimento da Comunidade A proteção da Ilha dos Lobos não se dá apenas por meio da fiscalização e da pesquisa, mas também pela conscientização e engajamento das pessoas que vivem na região. O ICMBio, em parceria com escolas e organizações locais, desenvolve atividades contínuas de educação ambiental. Os estudantes dos municípios de Torres (RS) e Passo de Torres (SC) têm a oportunidade de participar de programas educativos que abordam desde a importância da biodiversidade até práticas sustentáveis para a pesca artesanal. Essas iniciativas não se limitam ao ambiente escolar. A comunidade é convidada a se envolver por meio do Programa de Voluntariado, onde os participantes não apenas aprendem sobre a ecologia local, mas se tornam protagonistas na conservação do refúgio. O sentimento de pertencimento gerado por essas atividades é crucial para que a proteção da Ilha dos Lobos se torne um compromisso de todos. Pesca Artesanal Sustentável: Aliada da Conservação Historicamente, a pesca artesanal é uma das principais atividades econômicas da região, e sua relação com a unidade de conservação é um exemplo de como é possível conciliar o uso sustentável dos recursos naturais com a conservação. O ICMBio desenvolve, em conjunto com os pescadores locais, oficinas e rodas de conversa que promovem práticas de pesca sustentável, respeitando os ciclos de vida das espécies e contribuindo para a manutenção dos estoques pesqueiros. Esse diálogo constante com a comunidade pesqueira fortalece o papel das lideranças locais e cria uma rede de cooperação que integra a conservação da natureza às tradições culturais. Por meio dessas ações, a pesca artesanal deixa de ser vista como uma atividade predatória e se torna uma aliada na proteção dos ecossistemas marinhos. Mesmo com os avanços, a gestão do Refúgio de Vida Silvestre da Ilha dos Lobos enfrenta desafios significativos, como a pressão de atividades turísticas desordenadas e a poluição marinha. No entanto, para lidar com essas questões, o ICMBio tem trabalhado no desenvolvimento de um plano de uso público, com recursos do  que visa ordenar as visitas e garantir que o turismo seja compatível com a conservação. Além disso, as ações de fiscalização são intensificadas para coibir práticas ilegais que possam colocar em risco a integridade do refúgio. A longo prazo, o objetivo é transformar a Ilha dos Lobos em um exemplo de gestão integrada, onde a conservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a participação comunitária andem de mãos dadas. Com a continuidade dos projetos de educação, pesquisa e monitoramento, e o apoio das comunidades locais, o futuro da Ilha dos Lobos parece promissor. Esse pequeno santuário marinho, que abriga uma riqueza ecológica inestimável, mostra que é possível construir um caminho de coexistência harmoniosa entre o ser humano e a natureza.

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Postado dia 26 setembro 2024

Do mar ao prato

Com suas águas cristalinas, Arraial do Cabo tornou-se um destino turístico certo na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Nas últimas décadas, pousadas e restaurantes tomaram as orlas da cidade para receber os visitantes. Porém, nem todo mundo saiu ganhando: há séculos presentes nas praias de Arraial, os pescadores nunca foram devidamente valorizados pelo turismo local. Mas aos poucos isso começa a mudar. A partir do próximo verão, pela primeira vez na história, a Associação de Pescadores de Arraial do Cabo (APAC) terá seu próprio quiosque na beira da Praia Grande – uma das mais movimentadas da região. “Temos cerca de 150 pratos de pescado. Vamos colocar em prática pelo menos 20, e por um preço acessível”, avisa o pescador Raimundo Nonato, que atua na iniciativa Lula do Cabo: do mar ao prato, que recebe apoio do projeto Educação Ambiental, gerenciado pelo FUNBIO.  Um dos fundadores da APAC, Raimundinho – como é conhecido – está feliz da vida com a novidade. Afinal, inaugurar um empreendimento de pescadores em meio a um turbilhão de negócios turísticos liderados por empresários é mais do que significativo: “É um símbolo da nossa resistência”, diz. O quiosque já está em construção e sua inauguração está prevista para o final de outubro. Ele ficará anexo à sede da organização – no canto esquerdo da Praia Grande. “Fundamos a APAC em 1987, mas já faz pelo menos 300 anos que aquela área pertence a nós pescadores. É uma área tradicional”, ele faz questão de ressaltar aos desavisados. E já que a intenção é fortalecer o setor da pesca artesanal como um todo, nada mais justo que agregar outros grupos que não pertencem à APAC, mas que também fazem parte dessa história de resistência. “Queremos apresentar os salgadinhos e pratos produzidos pela cooperativa das mulheres de Arraial, que são nossas parceiras. A intenção é juntar todo mundo”, diz Raimundinho, referindo-se à Cooperativa de Mulheres Produtoras da Pesca Artesanal e de Plantas Nativas da Região dos Lagos, que também recebe apoio do Projeto Educação Ambiental Autonomia e preço justo Por si só, o quiosque já é um grande acontecimento para os pescadores artesanais de Arraial do Cabo. Mas não para por aí. A iniciativa Lula do Cabo também possibilitou a compra de um bugre e de uma câmara fria com capacidade de armazenar cerca de cinco toneladas de pescado, possibilitando a inauguração do primeiro ponto de venda de peixes gerido por uma associação de pescadores em Arraial. Sem a câmara fria, tudo o que chegava do mar precisava ser vendido imediatamente, para não estragar. E assim os pescadores sempre acabavam reféns dos atravessadores, recebendo valores muito abaixo do mercado. Agora, este cenário finalmente deve virar. “Com o frigorífico, eles terão um estoque pesqueiro, poderão comercializar numa janela de tempo mais longa e para uma variedade de compradores. Isso lhes dará uma maior sustentabilidade financeira”, diz Paula de Abreu Moraes, consultora da APAC.  Toda essa emancipação já é celebrada e promete ganhar ainda mais força no próximo verão, quando se inicia a temporada da lula – o principal recurso pesqueiro da região, que dá nome ao projeto da APAC. Em seu período de abundância, é ela que sustenta milhares de famílias em Arraial. E daqui para frente, Raimundinho acredita que os ventos serão ainda melhores. “Com o projeto Lula do Cabo um sonho nosso antigo está sendo realizado: vamos conseguir finalmente sair da mão dos atravessadores”, diz ele, confiante no futuro. “Hoje eu sinto muita esperança: estamos dando um passo gigantesco em nossa vida”. Texto originalmente produzido pelo jornalista Bernardo Camara para a newsletter “Linhas do Mar” para divulgação do Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira, Projeto Educação Ambiental e Projeto Apoio a UCs.

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Postado dia 26 setembro 2024

Boas práticas em UCs

Uma semana de imersão. É desta forma que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), via Gerência Regional do Sudeste - GR-4, pretende realizar o Seminário de Boas Práticas em Gestão Socioambiental, entre os dias 21 e 25 de outubro, no interior de São Paulo. Depois do Norte e do Nordeste do país, agora é a hora da formação chegar ao Sudeste para um encontro entre cerca de 20 Unidades de Conservação federais da região. Com recursos do projeto Apoio a UCs – que fomenta a estruturação física de 10 áreas protegidas –, o evento é organizado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e viabilizado pela gestão financeira do FUNBIO. "O apoio do FUNBIO vai assegurar o custeio operacional do evento, permitindo a participação de gestores das UCs e lideranças comunitárias envolvidas diretamente nas ações socioambientais praticadas nos territórios protegidos", diz Beno Herrera, Gerente Regional do ICMBio no Sudeste.   Não é de hoje que o Instituto Chico Mendes reconhece, sistematiza e compartilha boas práticas Brasil adentro: processos formativos estão no DNA da instituição. “Isso acompanha o ICMBio desde sua origem, em 2007. Antes disso o IBAMA já tinha também cursos de educação ambiental voltados para a gestão pública. Então quando foi criado, o ICMBio assimilou e vem desenvolvendo até hoje esses processos”, diz Breno. O seminário de uma semana, na verdade, é uma versão enxuta de um ciclo de formação que o instituto oferece em âmbito nacional, ao longo de um ano inteiro, com mais de 300 horas de atividades remotas e presenciais. Pode parecer muito. Mas o esforço é proporcional ao tamanho do desafio: afinal, estamos falando de mais de 340 unidades de conservação espalhadas por um país que, além da imensa diversidade de povos e culturas, tem um vasto histórico de conflitos de terra. Foi a partir deste contexto que o ICMBio percebeu a necessidade de olhar mais de perto para as especificidades de cada região. E assim nasceram os seminários regionais. Apesar de serem menos aprofundados que a formação anual, a ideia é que os participantes saiam do encontro com ferramentas para agir e transformar suas localidades. “Nesses encontros levamos estudos de caso e compartilhamos boas práticas que vêm sendo realizadas em UCs de cada região. Damos menos ênfase à dimensão conceitual para priorizar a instrumental, fornecendo elementos para a transformação concreta de conflitos e de injustiças ambientais”, diz Breno E para que as mudanças sejam reais, não adianta ter a participação apenas dos servidores públicos: é preciso envolver as comunidades que vivem dentro – ou no entorno – dessas áreas protegidas. Por isso mesmo, uma das premissas dos seminários regionais é a participação paritária entre representantes do governo e de povos tradicionais. “Falar de gestão socioambiental é falar de temas difíceis, complexos e desafiadores. Então é fundamental reunir representantes da sociedade civil que estejam em diferentes posições e colocá-los para sentar em par de igualdade com representantes do Estado brasileiro. Esses atores sociais precisam construir juntos, pois a gestão se faz nos territórios, e não apenas pelo Instituto Chico Mendes”, diz a servidora Claudia Cunha, da Gerência Regional do ICMBio no Nordeste, que realizou o seminário de boas práticas no final de 2023, em Pernambuco. Para montar a programação do seminário que vai acontecer em outubro, o ICMBio reuniu representantes de 10 UCs do Sudeste. O Grupo de Trabalho já está há cerca de um ano definindo os temas e elaborando as atividades. E selecionou algumas das principais questões vivenciadas no dia a dia das unidades. O encontro vai tratar, por exemplo, da formação e do funcionamento de conselhos gestores, da produção e uso sustentável de recursos naturais, da restauração de ecossistemas com participação social, além da sobreposição entre áreas protegidas e territórios tradicionais. “O ICMBio tem uma diretoria de ações socioambientais e consolidação territorial que fica em Brasília. E ali, há coordenações vinculadas a cada um desses temas. Então tentamos pegar um pouco da experiência de cada área para levar ao seminário”, explica o analista ambiental Gleison Magalhães, que faz parte da Gerência Regional do Sudeste e está na equipe de organização do evento.  Para enriquecer as discussões com os gestores e as comunidades, o seminário terá a presença de membros do Ministério Público, do INCRA, da FUNAI e de outros órgãos e instituições. E ao final de cada dia, as próprias comunidades presentes levam para o centro da roda suas manifestações culturais: terá música, dança, artesanato, além de uma feira de sabores e saberes com produtos da floresta, dos rios e do mar.  “O seminário vai ser um momento de troca e de inspiração entre os participantes. E não queremos apenas ficar falando: queremos escutá-los”, diz Gleison, ressaltando que durante os dias haverá atividades em grupos menores para que todas as pessoas se sintam à vontade para dar sua contribuição. Após uma semana intensa de trabalhos, o objetivo é que todo mundo saia dali fortalecido para voltar aos seus territórios com ideias, ferramentas e soluções. “Pretendemos assegurar uma maior autonomia e maior capacidade de influência política dos gestores e das comunidades”, afirma Breno. Texto originalmente produzido pelo jornalista Bernardo Camara para a newsletter “Linhas do Mar” para divulgação do Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira, Projeto Educação Ambiental e Projeto Apoio a UCs.

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