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Desafios e oportunidades para a conservação das águas
As Unidades de Conservação (UCs) desempenham um papel fundamental na proteção das águas da Amazônia, garantindo a segurança hídrica para comunidades locais e para a biodiversidade. Segundo Enrique Salazar, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na NGI Novo Airão, a preservação da qualidade das águas nas áreas protegidas deve ser uma prioridade compartilhada entre diferentes órgãos.
A água, tanto doce quanto salgada, é essencial para a vida e para a subsistência das populações que vivem nas faixas litorâneas e em áreas ribeirinhas, que são atravessadas por rios. Salazar enfatiza que garantir a qualidade da água doce em corpos hídricos dentro das UCs é fundamental para o consumo humano e animal, além de impactar diretamente a biodiversidade.
“No caso das águas marinhas, sua proteção garante a manutenção de peixes, crustáceos e moluscos, fontes alimentares essenciais para as comunidades locais. Além disso, a qualidade da água influencia diretamente a balneabilidade e o turismo, setores que podem gerar renda para essas populações”, destaca o analista ambiental.
A NGI Novo Airão é responsável por duas importantes UCs: Parque Nacional de Anavilhanas: Com uma área de aproximadamente 350.018 hectares, é o segundo maior arquipélago fluvial do mundo, composto por mais de 400 ilhas. Além da Estação Ecológica (ESEC) de Anavilhanas, que abrange cerca de 100 mil hectares e tem como objetivo principal a conservação dos ecossistemas naturais e a realização de pesquisas científicas.
Nas UCs do baixo Rio Negro, como o Parque Nacional de Anavilhanas, a navegação intensa na hidrovia que liga o Alto Rio Negro a Manaus representa um desafio para a preservação da qualidade da água. O fluxo constante de embarcações, utilizadas tanto para transporte de pessoas quanto de mercadorias, aumenta o risco de vazamentos de combustíveis e de descarte inadequado de resíduos sólidos nos rios.
“A relação entre transporte e conservação da água é complicada, principalmente devido ao lixo gerado. É essencial um esforço conjunto para reduzir impactos e promover meios de transporte mais sustentáveis”, alerta Salazar.
Desafios e oportunidades para a proteção das águas nas UCs
A conservação dos ecossistemas aquáticos enfrenta desafios que vão além da contaminação direta. O desmatamento das margens dos rios e a degradação das florestas no entorno das UCs comprometem a qualidade da água, favorecendo a erosão e o assoreamento dos corpos hídricos.
As UCs atuam como barreiras naturais contra a poluição e garantem o equilíbrio do ciclo hidrológico, regulando o fluxo das águas e contribuindo para a recarga dos aquíferos. Além disso, servem como espaços estratégicos para pesquisas científicas sobre a preservação da água e para ações de educação ambiental, conscientizando sobre a importância desse recurso.
“Ao proteger as áreas naturais, estamos garantindo a segurança hídrica não apenas para a biodiversidade, mas também para as presentes e futuras gerações”, conclui Salazar.
A gestão integrada das águas dentro das UCs representa, portanto, uma estratégia essencial para a conservação dos ecossistemas amazônicos e para a manutenção da qualidade de vida das comunidades que dependem desses recursos.
O ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem o FUNBIO como gestor e executor financeiro. É financiado com recursos de doadores internacionais e nacionais, entre eles o governo da Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), o Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial, a Fundação Gordon and Betty Moore, a Anglo American e o WWF.