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Comunidades são reconhecidas pela produção de 40 mil mudas nativas para a recuperação do Pantanal
Entrega de mudas pantaneiras. Foto: Jeferson Prado/Wetlands International.
Em abril, duas comunidades tradicionais, localizadas em Poconé (MT) e Barão de Melgaço (MT), foram certificadas pelo compromisso com a restauração do Pantanal, por meio do cultivo em viveiros de mudas nativas do bioma. Com o reconhecimento, foi consolidada a primeira aquisição em grande escala de 40 mil mudas, a serem plantadas na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, a maior unidade de conservação privada do país, e distribuídas para moradores situados em propriedades rurais ou comunidades ribeirinhas em áreas degradadas às margens do rio Cuiabá. A iniciativa tem apoio do GEF Terrestre, iniciativa realizada em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e que tem o GEF como doador e o FUNBIO como gestor financeiro.
Os certificados foram entregues para as associações do Capão do Angico (Poconé) e São Pedro de Joselândia (Barão de Melgaço) pelas organizações parceiras no projeto Aquarela Pantanal: Polo Socioambiental Sesc Pantanal, a ONG Mulheres em Ação no Pantanal (Mupan) e a Wetlands International. O projeto é chamado oficialmente “Recuperação de florestas ribeirinhas pantaneiras: beneficiando água, solo, peixes e populações do entorno da RPPN Sesc Pantanal”.
“Para restaurar o bioma, especialmente após os incêndios de 2020, envolvemos a comunidade no entorno da RPPN Sesc Pantanal, que, além de colaborar com o território onde estão inseridas, ainda são beneficiadas economicamente. É o ciclo perfeito que se cumpre”, destaca a diretora da Wetlands International, Rafaela Nicola.
Ações de plantio de mudas são realizadas desde fevereiro. A última aconteceu em junho, em São Pedro de Joselândia, com a distribuição de mais de 100 mudas nativas cultivadas nos viveiros do Aquarela Pantanal. A aproximação com a comunidade permite orientar as pessoas sobre o plantio correto de mudas e sementes pantaneiras.
“O grande diferencial é trazer para dentro da iniciativa pesquisadores, gestores da RPPN, municípios, organizações da sociedade civil e comunidades. Iniciativa pioneira por tratar de metodologia extremamente específica e complexa, de maneira acessível, aplicável e escalável que gera renda para as comunidades – sensibiliza e protege as áreas úmidas. A iniciativa está permitindo conhecer mais a dinâmica das áreas úmidas do Pantanal pós-fogo e o que é necessário para conservação. As mulheres têm papel protagônico estando à frente dos trabalhos de pesquisa, gestão, planejamento e execução”, afirma a diretora-geral da Mupan e coordenadora de políticas da Wetlands International Brasil, Áurea Garcia.
A RPPN Sesc Pantanal completou 25 anos de criação, em julho. Com mais de 108 mil hectares, a unidade de conservação presta serviços ecossistêmicos vitais à dinâmica da região, como purificação das águas, redução dos impactos causados pela mudança do clima, produção de solo fértil e diminuição dos riscos associados aos fenômenos naturais extremos. O projeto Aquarela Pantanal já foi destaque em reportagem especial no Jornal Nacional, da TV Globo.
Além do Aquarela Pantanal, é implementado, em parceria, na unidade de conservação o projeto RPPN SESC Pantanal – Recuperando e Protegendo. O projeto, da Fundação Pró-Natureza (Funatura), visa recuperar áreas degradadas e reduzir impactos advindos de incêndios florestais na unidade de conservação. As ações de restauração têm como foco as matas secas de tabocais na RPPN, enquanto que o manejo integrado do fogo é a estratégia adotada para reduzir o impacto dos incêndios.