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Como o NGI Roraima contribui para conservação ambiental na Amazônia
A gestão das Unidades de Conservação (UCs) no Brasil é um desafio constante, especialmente em estados com vastas áreas protegidas, como Roraima. Para otimizar recursos e fortalecer a preservação ambiental, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) implementou os Núcleos de Gestão Integrada (NGIs), estruturas administrativas que unificam a gestão de múltiplas UCs sob uma coordenação centralizada.
O NGI Roraima em ação
O NGI Roraima foi estabelecido pela Portaria ICMBio nº 178, de 5 de março de 2018, com a responsabilidade de gerir oito UCs federais: Parque Nacional do Viruá, Parque Nacional Serra da Mocidade, Parque Nacional do Monte Roraima, Floresta Nacional de Roraima, Floresta Nacional Anauá, Floresta Nacional de Parima, Estação Ecológica de Maracá e Estação Ecológica de Niquiá. Essas áreas representam quase 10% do território do estado.
A coordenadora do NGI Roraima, Leila Matos Araújo, destaca o avanço significativo trazido pela criação do NGI. “Antes, cada UC operava de maneira mais isolada, com desafios próprios e poucos recursos compartilhados. Com essa estrutura integrada, conseguimos otimizar a força de trabalho e melhorar a eficiência da gestão”, explica Leila.
A sede do NGI Roraima está localizada na capital, Boa Vista, e conta com uma base avançada e duas bases operacionais: uma no município de Caracaraí, outra no Parque Nacional do Viruá e uma na Estação Ecológica de Maracá. A estrutura organizacional do NGI é dividida em cinco áreas temáticas: Administração e Logística, Pesquisa e Monitoramento da Biodiversidade, Uso Público e Negócios, Gestão Socioambiental e Proteção. Cada área possui um ponto focal responsável por coordenar as atividades, visando otimizar recursos e esforços.
Desafios e Iniciativas Recentes
A gestão das UCs em Roraima enfrenta desafios significativos, como a proteção dos territórios contra ilícitos ambientais, invasões, pesca predatória, caça e desmatamento.
“Além das dificuldades comuns da Amazônia, como logística e vastidão territorial, temos um cenário de pressão constante sobre as áreas protegidas. A caça e a pesca ilegais, além das invasões e do desmatamento, exigem um monitoramento contínuo e ações integradas”, ressalta Leila.
Em resposta a essas ameaças, a equipe do NGI Roraima intensificou as atividades de proteção, especialmente no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, que trata da desintrusão da Terra Indígena Yanomami.
“Desde 2023, fortalecemos nossa atuação na retirada de invasores da Terra Indígena Yanomami, atuando em parceria com outros órgãos. O trabalho não é fácil, mas é essencial para garantir a integridade do território e a segurança dos povos indígenas”, afirma Leila.
Em fevereiro de 2025, uma expedição ao platô do Monte Roraima resultou na instalação de placas informativas sobre o Parque Nacional do Monte Roraima. Essas placas fornecem informações sobre a unidade de conservação, sua biodiversidade, geologia, história e curiosidades sobre expedições históricas. Além disso, a equipe realizou a manutenção da ponte suspensa no lado brasileiro do platô e monitorou a visitação na região.
Outra iniciativa importante foi a abertura de um processo seletivo simplificado para a contratação de Agentes Temporários Ambientais, com o objetivo de reforçar as ações de fiscalização e proteção nas UCs sob a gestão do NGI Roraima.
“Ter um reforço na equipe é essencial. Precisamos de mais pessoas no campo, fiscalizando, monitorando e garantindo que as Unidades de Conservação cumpram sua função de proteção ambiental”, destaca Leila.
Benefícios da gestão Integrada
A implementação do NGI Roraima tem demonstrado benefícios significativos para a conservação ambiental. A integração das áreas temáticas permite um fluxo de informações mais eficiente e maior interação entre as equipes, resultando em melhores resultados e maior participação coletiva.
“Hoje, conseguimos planejar ações com mais participação da equipe como um todo. O trabalho de um setor dialoga com os demais, o que facilita a tomada de decisão e o alcance de melhores resultados”, afirma Leila Matos.
Além disso, a gestão compartilhada otimiza o uso de recursos e equipamentos, potencializando as ações de preservação e fiscalização.
“O modelo de gestão integrada permite que possamos atuar de forma mais eficiente e estratégica. Não estamos apenas protegendo áreas isoladas, mas garantindo que essas Unidades de Conservação cumpram sua função de proteger a biodiversidade e as comunidades ao redor”, conclui.
O ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem o Funbio como gestor e executor financeiro. É financiado com recursos de doadores internacionais e nacionais, entre eles o governo da Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), o Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial, a Fundação Gordon and Betty Moore, a AngloAmerican e o WWF.