SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS E USO SUSTENTÁVEL DA PALMEIRA NATIVA “MACAÚBA” EM SISTEMA AGROSILVIPASTORIL NA ZONA DA MATA MINEIRA
Pesquisa Realizada por: Ricardo Montianele de Castro
Ano: 2020
Linha: Recuperação de paisagens e áreas degradadas
Bioma: Mata Atlântica
Segundo o comitê de avaliação ecossistêmica do milênio serviços ecossistêmicos são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas. O sequestro de carbono seguido da estocagem na biomassa vegetal ou no solo de sistemas agroflorestais, de água doce para os diversos usos humanos e ambientais por florestas incluindo agroflorestas, a ação de microrganismos do solo e o uso de sistemas agrosilvipastoris opção para um aumento de produtividade são considerados importantes serviços ecossistêmicos.
Desde que a produção de café mudou-se para o estado de São Paulo na segunda metade do século XIX, a atividade econômica principal foi substituída pela extensa produção leiteira de baixa produtividade, que além de impactar negativamente desenvolvimento econômico regional potencializou o processo de desmatamento na Zona da Mata. Diante desse cenário, em 2011, foi criada uma Agenda de Desenvolvimento para a Zona da Mata, composta por líderes empresariais, políticos, acadêmicos e da sociedade civil, com o objetivo de desenvolver e implementar projetos capazes de reverter o empobrecimento da região a partir de eixos temáticos estratégicos, como o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento do agronegócio regional.
A Macaúba – Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. (Arecaceae) é uma palmeira nativa do Brasil com ampla distribuição natural no território nacional sendo reconhecida pela alta versatilidade de utilização econômica, destacando-se pela alta produção de óleo vegetal a partir de seus frutos e sementes, com produtividade e qualidade de óleo compatíveis com a mundialmente utilizada Palma Africana (Elaeis guineensis).
Mas ao contrário da Palma Africana, cuja cultura no Sudeste asiático tem se pautado pela derrubada de florestas nativas, a Macaúba apresenta-se como solução para aliar a recuperação ambiental à inserção social e ao desenvolvimento econômico. A cultura da Macaúba é, portanto, uma excelente opção para que o pequeno produtor rural cumpra as condicionantes ambientais do Código Florestal Brasileiro de recuperação de RLs e APPs em associação com a geração de renda, através do consorciamento com outras culturas agrícolas ou silvipastoris, e da comercialização dos seus subprodutos.
Considerando o potencial da Macaúba tem-se que a planta vem sendo amplamente estudada, com foco nos temas de Genética e Melhoramento, Colheita e Pós-colheita, Produção Vegetal, Nutrição Vegetal, Propagação, Ecofisiologia, Crescimento e Desenvolvimento, Manejo de Recursos Hídricos, mas pouco ainda se sabe sobre o potencial desta espécie na prestação de serviços ecossistêmicos em sistemas agroflorestais consorciados com pastagens.
Nós partimos da premissa que o sistema agrosilvipastoril com macaúba apresentará diferenças significativas na prestação de serviços ambientais, considerando o sequestro de carbono, a recarga hídrica, a riqueza e diversidade da microbiota do solo e a melhoria da qualidade nutricional de gramíneas forrageiras, quando comparado a pastagens convencionais.
O objetivo do projeto é analisar, a partir de métodos ecológicos diversos, os serviços ecossistêmicos prestados pelos sistemas agrosilvipastoris consorciados com a palmeira nativa Macaúba (Acrocomia aculeata), para validar seu papel na promoção do desenvolvimento sustentável na Zona da Mata Mineira. Serão: quantificados os estoques de carbono da biomassa vegetal e do solo em sistemas agrosilvipastoris; avaliadas a umidade superficial do solo e a recarga hídrica do lençol freático; realizado o realevantamento da comunidade procarionte do solo; e avaliada a qualidade nutricional da pastagem de sistema agrosilvipastoril em comparação com pastagens convencionais.
Espera-se encontrar uma melhora significativa dos parâmetros analisados nos sistemas agroflorestais consorciados com a palmeira nativa Macaúba em comparação às pastagens convencionais não consorciadas. Espera-se que nossos resultados possam ser traduzidos em indicadores econômicos, para ajudar na valoração dos serviços ecossistêmicos abordados, e na agregação de valor ao agronegócio em sistemas agroflorestais.
Biografia:
Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2003) e mestrado em Botânica pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2006). Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Taxonomia de Fanerógamos, atuando principalmente nos seguintes temas: florística, fitossociologia, licenciamento ambiental, dendrometria, mata atlântica, conservação da natureza e Moraceae.