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ICMBio intensifica combate ao fogo com apoio do Programa ARPA e destaca investimentos significativos para proteção ambiental
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tem enfrentado com vigor a temporada de incêndios florestais deste ano. A seca prolongada e a propagação de focos de incêndio em diversas regiões do país têm exigido uma resposta rápida e coordenada. João Paulo Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio, compartilha os desafios enfrentados e a importância de investimentos robustos nas Unidades de Conservação (UCs), fortalecendo as ações de prevenção e combate ao fogo.
Como foi o início da temporada de incêndios de 2024 e quais foram os principais desafios?
João Paulo Morita: Este ano foi especialmente desafiador. A temporada de combate de 2023 se emendou diretamente com a de 2024, o que significa que não tivemos um período de descanso adequado. Normalmente, entre janeiro e junho, focamos em ações de formação e prevenção, mas este ano a demanda começou cedo. A situação foi agravada pela falta de chuvas e pela seca no Pantanal, que comprometeu o pulso de inundação do Rio Paraguai. Essa seca extrema aumentou a vulnerabilidade das áreas, e, consequentemente, vimos uma quantidade recorde de incêndios simultâneos em UCs de diferentes biomas, o que exigiu uma ampliação significativa das nossas operações e esforços logísticos.
De que forma o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) tem contribuído no enfrentamento desses desafios?
João Paulo Morita: O ARPA tem sido essencial, pois ele oferece uma agilidade administrativa que nos permite reagir rapidamente em situações críticas. Com o ARPA, conseguimos acesso a recursos para cobrir despesas elegíveis, como diárias e serviços, de forma muito mais ágil do que com os mecanismos convencionais do Poder Executivo. Esse suporte é crucial em situações como as que enfrentamos este ano, onde a rapidez é fundamental para controlar incêndios de grandes proporções.
Investimentos significativos no combate ao fogo
De 2014 até setembro de 2024, o ARPA investiu cerca de R$ 13,9 milhões em ações relacionadas a incêndios e fogo. Esses valores cobrem diversas frentes, incluindo prevenção, capacitação, aquisição de equipamentos, educação ambiental e combate direto aos incêndios. As “Ações Complementares de Proteção de 2022”, por exemplo, receberam um investimento de R$ 6 milhões, com R$ 5,95 milhões efetivamente pagos. Entre as principais despesas estão diárias, combustível, alimentação, manutenção e serviços, além de aquisição de bens e contratação de serviços especializados.
As Unidades de Conservação que mais receberam investimentos incluem a REBIO do Jaru, a RESEX Chico Mendes, o Parque Nacional de Anavilhanas, e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos. No caso do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, com o apoio do ARPA, foi possível melhorar a infraestrutura local, construindo uma sede adequada, o que ampliou a capacidade de resposta e gestão na área.
Quais lições foram aprendidas com a intensificação das ações de combate ao fogo?
João Paulo Morita: Uma lição recorrente é a importância de investir continuamente na capacitação de pessoal. Precisamos de equipes bem preparadas para enfrentar as particularidades de cada bioma. Os incêndios têm aumentado em frequência e estão surgindo em áreas antes não afetadas, o que reforça a necessidade de treinamento constante e ampliação das equipes.
Há planos para expandir o modelo de apoio do ARPA para outras regiões?
João Paulo Morita: Sim, esse modelo de agilidade administrativa seria muito útil em outras regiões e biomas. Gostaria de ver essa estrutura de apoio em unidades do Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa. No caso do ICMBio, o ARPA proporciona o suporte necessário para que as ações ocorram de forma rápida e efetiva, especialmente em situações onde o combate ao fogo é uma questão de urgência.
Quais são os próximos passos para o ICMBio no combate ao fogo?
João Paulo Morita: Vamos continuar fortalecendo a capacitação de nossos servidores e aprimorando o manejo integrado do fogo, expandindo cada vez mais a nossa capacidade de resposta. Nosso objetivo é proteger as unidades de conservação e, para isso, o apoio contínuo do ARPA será essencial. Com investimentos adequados, esperamos estar cada vez mais preparados para enfrentar as próximas temporadas de incêndios.
O ARPA – Áreas Protegidas da Amazônia é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem o FUNBIO como gestor e executor financeiro. É financiado com recursos de doares internacionais e nacionais, entre eles o governo da Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), o Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial, a Fundação Gordon and Betty Moore, a AngloAmerican e o WWF.