Notícias
Novas obras são produzidas para a Exposição Mekukradjà Abikàrà
A produção da exposição “Mekukradjà Abikàrà – Com os Pés em Dois Mundos”, que chegará ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói em outubro, está a todo vapor. Sete integrantes do Coletivo Beture, responsáveis pela curadoria da mostra, passaram uma semana nos arredores da aldeia Kamoktidjam, localizada na beira do Rio Xingu e na Terra Indígena Kayapó (PA), ao longo da primeira quinzena de junho para produção das obras que irão integrar a mostra.
Durante os dias de viagem, o Beture captou imagens ao amanhecer para a instalação em 360º que estará na exposição. Com a ajuda do ancião Takaknhor, também conhecido como Soldado, eles adentraram a floresta que contorna a aldeia e fotografaram importantes árvores e espécies para a cultura e tradições Kayapó, como a castanheira, a sumaumeira e o macaco aranha.
“Foi um importante momento de reunião para definirmos os próximos passos, para que os meninos (jovens integrantes do Coletivo Beture), possam se empoderar e sentir que a exposição é deles”, explica Simone Giovine, cineasta e um dos fundadores do Beture.
Nas próximas semanas, outros jovens do Coletivo irão participar de uma imersão sobre o processo de curadoria da exposição. Eles levarão imagens e vídeos captados ao longo de suas jornadas como fotógrafos e assim reunir novos materiais para a mostra.
A exposição terá um espaço de experiência social e temporal que apresentará tanto a cultura tradicional Mebêngôkre quanto a realidade contemporânea deste povo. O público será guiado por vídeos, fotos, desenhos, imagens e até armadilhas que provocarão reflexões sobre ideias correntes entre os kuben (não indígenas), como a suposta incompatibilidade entre tradição e tecnologia, um elemento da modernidade.
Grande Tela
A obra de entrada da exposição também já está pronta. O painel tem10 metros de pinturas dos tradicionais grafismos Kayapó e foi confeccionado durante o Acampamento Terra Livre, realizado em Brasília, de 24 a 28 de abril. Um grupo de aproximadamente 15 mulheres Mebêngôkre-Kayapó colocou as mãos nos tecidos para moldar a peça.
Na tradição deste povo, as mulheres são as responsáveis pelas pinturas geométricas com os traços perfeitamente paralelos feitos à mão com tinta de jenipapo e urucum. Eles reproduzem elementos da natureza e são feitos nos corpos dos indígenas em ocasiões específicas como festas e ritos de passagem. Por meio das pinturas, é possível identificar também o status social ou a atividade desempenhada pelos indígenas.
A confecção conjunta do painel foi precedida por um momento de dança e canto. O resultado final do árduo trabalho estará na exposição realizada pelo Tradição e Futuro na Amazônia, com patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental.