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O futuro já começou
Durante o ano de 2022, as conquistas pavimentaram o caminho para o próximo ano. Foto: FUNBIO
“Estamos o tempo inteiro pensando em soluções”.
A frase de Manuela Mossé Muanis, do FUNBIO, resume bem o trabalho desenvolvido pelos Projetos Conservação da Toninha, Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira, Educação Ambiental e Apoio a UCs no último ano – e não só em 2022, diga-se: cada vez que cai a última folha do calendário, basta uma breve retrospectiva para se deparar com uma série de ineditismos e legados positivos da iniciativa. E desta vez não foi diferente. “Os projetos viraram uma grande referência e continuam abrindo muitas portas”, diz Manuela, Gerente de Portfólio de Obrigações Legais do FUNBIO, que faz a gestão financeira do programa.
Por falar em portas que se abrem, no início de 2022 o Projeto de Apoio à Pesquisa Marinha e Pesqueira já começou escancarando novidades. Foram criadas novas frentes de apoio que ampliaram um portfólio já composto por quase 30 iniciativas espalhadas pelo litoral brasileiro. Dali em diante, havia recursos garantidos para mais quatro componentes: a recuperação do acervo de animais marinhos do Museu Nacional; a aquisição de equipamentos de última geração para o navio Ciências do Mar III; o desenvolvimento da maricultura no estado do Rio de Janeiro; e o estímulo a pesquisas para a conservação de tubarões e raias.
“Foi o primeiro financiamento exclusivamente voltado para tubarões que conheci no Brasil”, comemorou a bióloga marinha Mariana Alonso, responsável por uma das quatro iniciativas apoiadas nesta frente. A expansão do Projeto Pesquisa Marinha destravou uma demanda represada de conhecimento sobre o assunto, principalmente em relação às espécies ameaçadas ou com dados insuficientes.
Com a chegada de recursos, o Museu Nacional também conseguiu impulsionar a revitalização de seu acervo consumido por um incêndio em 2018. Em apenas alguns meses, a mais antiga instituição científica do Brasil pôde trazer de volta ao seu patrimônio os esqueletos de um tubarão, de uma baleia e de outros animais marinhos menores, alimentando as expectativas de reabrir as portas ao público em breve: “Temos esperança de inaugurar novas exposições até 2023”, afirmou um de seus diretores e coordenador da iniciativa, Wagner Martins.
E o novo ano promete também um campo fértil em alto mar para pesquisadores e alunos de pelo menos 8 instituições de ensino no Sudeste brasileiro: após um longo período de treinamentos e aquisição de equipamentos, o Laboratório de Ensino Flutuante – ou simplesmente navio Ciências do Mar III – está com quase tudo pronto para levantar âncora.
Enquanto isso, um acordo de cooperação técnica que inclui apoio financeiro entre FUNBIO e a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ) já começa a dar frutos para a maricultura no estado. Além de fortalecer as atividades de extensão pesqueira e aquícola, a fundação deu início ao monitoramento e controle sanitário da qualidade ambiental da água e do pescado no litoral fluminense.
Ciclos
Se o ano de 2022 deu o pontapé em inúmeras atividades dos Projetos Conservação da Toninha, Apoio a Pesquisa Marinha e Pesqueira, Educação Ambiental e Apoio a UCs, também teve aquelas que fecharam ciclos. No mês de junho, o Projeto Conservação da Toninha reuniu em Curitiba mais de 40 pesquisadores de três países, representando 20 instituições científicas e seis iniciativas apoiadas. O encontro de encerramento mostrou que o golfinho mais ameaçado do Brasil nunca esteve tão amparado pela ciência.
“O projeto foi uma grande força motriz. Ele catalisou ações que estavam mais soltas, individualizadas. Mobilizou pessoas, aproximou a ciência das comunidades pesqueiras e integrou pesquisadores de outras áreas – da antropologia, da economia, da estatística, da comunicação”, disse Camila Domit, que coordenou uma das iniciativas do projeto e liderou a reunião de encerramento. Não à toa, o golfinho ganhou podcast, vídeos, documentário, livros, cartilhas, material didático e até um museu virtual totalmente dedicado a ele.
No Rio de Janeiro, quem também teve uma exposição temática foi o Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), uma Unidade de Conservação (UC) que reúne quatro ilhas e duas ilhotas em águas cariocas. O projeto Apoio a UCs ajudou a levantar o evento no saguão do aeroporto Santos Dumont por quase dois meses. Com fotografias, vídeos e maquetes, a mostra tinha o objetivo de sensibilizar os moradores locais e os turistas sobre a importância da biodiversidade presente no MONA. Milhares de pessoas passaram por lá.
Para cuidar de tanta riqueza, as unidades de conservação marinha precisam de estrutura. Garantir uma embarcação e uma sede, por exemplo, não são detalhes para quem trabalha com os pés no mar. É por isso que os servidores da Estação Ecológica de Tamoios, na Baía da Ilha Grande, celebraram a compra de uma embarcação para a unidade no ano passado. E nos próximos meses, o FUNBIO finaliza de forma inédita a aquisição de um imóvel para ser a base em terra firme da Reserva Extrativista Marinha do Arraial do Cabo.
“Nossa missão é inovar”
Percorrer caminhos que ainda não foram desbravados parece ser a tônica dos projetos apoiados com recursos do TAC Frade. Em 2022, o Projeto Educação Ambiental deslanchou de vez e já virou referência por sua abordagem mais próxima às comunidades pesqueiras. Em uma primeira chamada, foram contemplados pequenos movimentos, associações e coletivos com baixa formalização, por meio de parcerias com instituições mais estruturadas.
E numa segunda etapa, as próprias comunidades passaram por um longo processo de mentoria para que pudessem, elas próprias, elaborar seus sonhos e transformá-los em projetos para receber os recursos diretamente. Doze delas já estão fazendo das ideias uma realidade.
“Foi uma coisa inédita no FUNBIO. Mas já é uma alternativa de sucesso que inclusive está sendo adotada em outros projetos, com populações indígenas, por exemplo. Autonomia é a palavra: é isso que tentamos fomentar. Estamos sempre buscando criar novos mecanismos, novas formas de o dinheiro chegar às comunidades”, diz Manuela Muanis, prometendo ainda mais novidades para o ano que se inicia. “Faz parte da nossa missão inovar”.