Notícias
TFA implementa nova área de sistemas agroflorestais em território Kayapó
Foto: Acervo Instituto Raoni
Nova área de sistemas agroflorestais (SAFs) foi implementada em território Kayapó. Dessa vez, a aldeia beneficiada foi a Kapot, na Terra Indígena Capoto/Jarina, que se divide entre o norte de Mato Grosso e o sul do Pará. A área plantada, com mil metros quadrados, se soma aos 4,6 mil metros quadrados já implementados em outras aldeias pelo projeto Tradição e Futuro na Amazônia, patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental, em parceria com o Instituto Raoni.
O trabalho na Kapot começou em abril, quando técnicos do IR chegaram à aldeia para realizar a implementação dos SAFs. Nos cinco dias de ação, 22 mulheres com filhos e sete jovens – sendo 4 homens e 3 mulheres sem filhos -, participaram do processo de escolha do terreno, preparação do solo e plantio de mudas e sementes. As espécies escolhidas foram o baru (castanha), a banana, o cupuaçu, a pupunha, o umbu, a graviola, a abóbora, a copaíba, a goiaba e o urucum. Também começaram a ser cultivadas espécies para adubação verde, que tornam o solo mais fértil e contribuem para o crescimento das demais, como o feijão guandu, o feijão de porco, a crotalária e ramas de macaxeira.
Os sistemas agroflorestais combinam, de forma planejada, o cultivo de diferentes espécies vegetais que tenham ciclos de crescimento em diferentes períodos e que contribuam para elevar a qualidade do solo. Dessa forma, eles aumentam a produção local de forma sustentável, garantem maior segurança alimentar às famílias e contribuem para a geração de renda nas aldeias. A técnica une conhecimentos tradicionais e novas tecnologias.
No mesmo período, foi realizada também uma oficina de educação ambiental com as crianças da aldeia Kapot. Nela, 81 pequenos – 33 até 6 anos e 48 de 7 a 17 anos – assistiram a apresentações sobre a higiene nas aldeias e a necessidade da coleta de resíduos sólidos, bem como sobre segurança alimentar e a implantação de roças agroflorestais. Depois, as crianças e jovens caminharam pela aldeia e visitaram as roças de SAFs, verificando pessoalmente aspectos do que havia sido debatido. Por fim, fizeram desenhos revelando o que aprenderam.
Bruno Américo Carvalho, que orienta a implementação de SAFs, falou sobre a importância de envolver crianças e jovens nas atividades. “Culturalmente, as crianças indígenas aprendem brincando ou imitando o que os adultos fazem no cultivo das roças, na caça, na pesca, no artesanato e na pintura. Assim, vão se aperfeiçoando até estarem prontas para cumprir essas atividades. A participação delas nessas atividades contribui para essa formação pessoal e social quando precisamos aprimorar as técnicas e os hábitos em favor do clima.”.
Visitas às roças já implementadas
Outra atividade, realizada paralelamente à ação, foram as visitas às plantações de SAFs feitas em outras aldeias desde o ano passado. Nelas, a equipe técnica pode verificar bons resultados que começam a surgir. Em boa parte da área total cultivada, as espécies se desenvolveram conforme o esperado. Na aldeia Kaweretxico, também localizada na TI Capoto/Jarina, os indígenas já colheram abóboras, que enriqueceram a dieta. Elas vão garantir, junto com outros vegetais que estão amadurecendo, refeições mais ricas para os habitantes locais. Na aldeia Kaweretxico, foi feito o manejo de espécies que estavam bem desenvolvidas. Nas aldeias Pakaya e Piaraçu, entretanto, alguns ajustes precisaram ser feitos. As roças foram atacadas por formigas cortadeiras, atrasando o desenvolvimento das mudas e sementes. Por isso, a equipe técnica realizou a semeadura de espécies como o feijão de porco e a crotalária, que, além da adubação, contribuem para proteger outras espécies.
“Há diferenças entre aldeias. Umas absorvem mais rapidamente que outras as novas técnicas de uso do solo. Esperamos que pequenos grupos se formem e ajudem na construção de um sistema agroflorestal adequado à cultura dos povos que vivem na TI Capoto/Jarina.”, finalizou Bruno.