Restauração ecológica dos biomas brasileiros com recursos do Fundo Socioambiental do BNDES e de instituições apoiadoras
Iniciativa inovadora para uma economia sustentável e de baixo carbono
Mecanismo de Financiamento Amazônia Viva fortalece organizações, negócios e a cadeias da sociobiodiversidade
Apoio para a cadeia produtiva das vieiras renova esperanças de maricultores na Baía da Ilha Grande
A Unesco (Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) divulgou no início de junho o Relatório sobre o Estado do Oceano (STOR, na sigla em inglês) envolvendo aspectos físicos, químicos, ecológicos e socioambientais dos mares. O documento aponta um avançado processo de aquecimento das águas, além de acidificação e queda das taxas de oxigênio em ambiente marinho. Um dos principais alertas envolve a elevação das temperaturas do oceano. Qualquer mudança ambiental pode afetar o ecossistema marinho. A preocupação com os organismos que vivem no mar são temas recorrentes de ambientalistas em todo o mundo e o Projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira busca levantar informações para subsidiar a conservação e o uso sustentável dos recursos marinhos. Este projeto recebe recursos do TAC FRADE (Termo de Ajuste de Conduta) que apoia iniciativas cujos objetivos são de conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos pesqueiros, o fortalecimento da pesca artesanal e a educação ambiental, tendo como seu gestor financeiro e operacional o FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade). O Projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira, oferece suporte a diversas iniciativas que atuam pela conservação das espécies marinhas. A iniciativa Fortalecimento da Fazenda Marinha da Brigada Mirim Ecológica da Ilha Grande é uma delas. Dentro deste Projeto, algumas iniciativas também são de geração de renda para os Maricultores locais de Ilha Grande, RJ. “Atualmente a vieira produzida no Brasil (Nodipecten nodosus) não se encontra na lista de animais em extinção, porém os cultivos têm sofrido diretamente por possíveis interferências ambientais na Baía da Ilha Grande. As vieiras são animais sensíveis às mudanças climáticas que atingem os oceanos, que se encontram cada vez mais quentes. Não é possível determinar ainda a causa e a forma de prevenção por falta de diagnósticos precisos, mas as mudanças ambientais vêm ocorrendo e precisamos olhar para isso com seriedade”, explica Ulisses Mansur, Gestor Ambiental da Brigada Mirim Ecológica da Ilha Grande, que tem como iniciativa a ‘Fazenda Marinha da Brigada Mirim Ecológica da Ilha Grande como ferramenta de desenvolvimento sustentável e preservação ambiental’, apoiada pelo Projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira no Rio de Janeiro. Para Ulisses, esse apoio para a cadeia produtiva das vieiras no Rio de Janeiro está fazendo toda a diferença: “O suporte do Projeto chega como um motor para nosso barco a remo. Trazendo motivação para as atividades de Maricultura, com capacitação de membros, estruturação de equipamentos para melhoria das condições de trabalho e, consequentemente, motiva a persistência das fazendas marinhas instaladas a continuarem acreditando no cultivo das vieiras”, comemora. Ulisses conta ainda que na Brigada Mirim centenas de jovens já passaram pela qualificação de brigadistas, ampliando assim, o mercado de trabalho para os jovens da região, além do aumento da conscientização de como cuidar da fauna e flora brasileira. A produção em fazendas marinhas se caracteriza pela necessidade de inúmeros manejos, sempre mantendo o animal dentro d’água, e alocados nas fazendas em profundidades de 10 a 20 metros. O Projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira é um importante aliado na busca por novas informações relacionadas à conservação marinha e uso sustentável dos recursos pesqueiros no Estado do Rio de Janeiro, apoiando iniciativas que estudam temas como: pesquisa sobre ecologia de espécies ameaçadas ou de importância pesqueira, ecossistemas de corais e de costões rochosos, levantamento de desembarque pesqueiro, aspecto nutricional de espécies de baixa importância comercial, espécies marinhas invasoras, impactos sociais da exploração petrolífera sobre comunidades tradicionais de pesca, participação feminina na pesca artesanal. A realização do Projeto Pesquisa Marinha e Pesqueira é uma medida compensatória estabelecida pelo Termo de Ajustamento de Conduta de responsabilidade da empresa PRIO, conduzido pelo Ministério Público Federal – MPF.
Ler notíciaAmor de mãe para enfrentar os desafios do Pantanal
Uma relação de mãe e filhas. Cristiane Brigitte dos Santos, 42 anos, é assistente técnica de campo do Instituto Homem Pantaneiro, e a responsável por mais de 25 mil mudas que se desenvolvem nos viveiros construídos na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, na Serra do Amolar (MS). O amor de mãe que Cristiane nutre pelas filhas é igual, sejam elas aroeiras (Astronium urundeuva), jacarandás (Jacaranda cuspidifolia), piúvas (Tabebuia heptaphylla), entre outras. E também um sopro de esperança em um Pantanal que sofre desde 2020 com períodos de seca, incêndios e os efeitos das mudanças climáticas. O ofício que exige paciência e resiliência é possível graças aos recursos recebidos pelo IHP, por meio do GEF Terrestre, projeto do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima sob gestão do FUNBIO. Em outubro, a dor tomou conta de Cristiane. Parte das suas “filhas” sucumbiram ao fogo que atingiu a RPPN, justamente na área de 15 hectares destinada ao plantio das mudas que ela cuida nos viveiros da reserva. “Estava de folga, mas acompanhei as imagens no grupo de mensagens, e foi muito triste. Foi um trabalho de três anos que o fogo consumiu em 20 minutos”, lembra ela. A esperança logo tomou conta dessa curitibana que saiu do frio do Sul do Brasil para enfrentar os desafios climáticos, ainda mais intensos, do Pantanal. “Não podemos nos abalar. A chuva veio em seguida e em alguns pontos que o fogo não chegou tão intenso há mudas rebrotando como de jacarandá, angico, aroeira e ipês”, conta ela. E o Pantanal na vida de Cristiane foi amor à primeira visita. Ela deixou a advocacia para cursar zootecnia da Universidade Federal do Paraná. E a transição de carreira foi uma mudança radical. Sozinha, sem amigos e família, ela chegou a Corumbá (MS) e seguiu Rio Paraguai acima até se instalar na RPPN Acurizal, em setembro de 2021, ainda como estagiária do IHP. Em janeiro de 2022 já estava contratada. “É a realização de um sonho estar aqui, mas é difícil também. Tive de trabalhar muito o diálogo. E hoje já me sinto muito mais segura, tenho esse espaço de atuação e uma voz mais ativa aqui dentro”, diz Cristiane. Cada etapa do seu trabalho é permeada pela arte de cuidar. E ninguém tem dúvidas de que Cristiane é uma mãe daquelas que se envolve e luta pelas suas crias. “O pessoal brinca: ‘nossa, você tem ciúmes das suas mudas’. Porque realmente a gente sabe o quanto esse processo realmente não é simplesmente colocar uma semente. São várias etapas, e ali dentro de cada etapa está o seu esforço. Um pedaço do coração da gente que vai em todos os processos”, diz ela. A restauração do Pantanal é de médio e longo prazo. E não se faz nada sozinho. A natureza também tem seus modos de se reinventar. ““O processo de restauração ultrapassa o espaço que pegou fogo. Os animais são dispersores de sementes, chegavam na área das mudas e levaram sementes para outros locais”, diz. Toda essa biodiversidade a gente tem por conta deles. Estávamos recuperando uma área que provavelmente eles fizeram ser bem maior”, diz ela.
Ler notíciaICMBio intensifica combate ao fogo com apoio do Programa ARPA e destaca investimentos significativos para proteção ambiental
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) tem enfrentado com vigor a temporada de incêndios florestais deste ano. A seca prolongada e a propagação de focos de incêndio em diversas regiões do país têm exigido uma resposta rápida e coordenada. João Paulo Morita, coordenador de Manejo Integrado do Fogo do ICMBio, compartilha os desafios enfrentados e a importância de investimentos robustos nas Unidades de Conservação (UCs), fortalecendo as ações de prevenção e combate ao fogo. Como foi o início da temporada de incêndios de 2024 e quais foram os principais desafios? João Paulo Morita: Este ano foi especialmente desafiador. A temporada de combate de 2023 se emendou diretamente com a de 2024, o que significa que não tivemos um período de descanso adequado. Normalmente, entre janeiro e junho, focamos em ações de formação e prevenção, mas este ano a demanda começou cedo. A situação foi agravada pela falta de chuvas e pela seca no Pantanal, que comprometeu o pulso de inundação do Rio Paraguai. Essa seca extrema aumentou a vulnerabilidade das áreas, e, consequentemente, vimos uma quantidade recorde de incêndios simultâneos em UCs de diferentes biomas, o que exigiu uma ampliação significativa das nossas operações e esforços logísticos. De que forma o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) tem contribuído no enfrentamento desses desafios? João Paulo Morita: O ARPA tem sido essencial, pois ele oferece uma agilidade administrativa que nos permite reagir rapidamente em situações críticas. Com o ARPA, conseguimos acesso a recursos para cobrir despesas elegíveis, como diárias e serviços, de forma muito mais ágil do que com os mecanismos convencionais do Poder Executivo. Esse suporte é crucial em situações como as que enfrentamos este ano, onde a rapidez é fundamental para controlar incêndios de grandes proporções. Investimentos significativos no combate ao fogo De 2014 até setembro de 2024, o ARPA investiu cerca de R$ 13,9 milhões em ações relacionadas a incêndios e fogo. Esses valores cobrem diversas frentes, incluindo prevenção, capacitação, aquisição de equipamentos, educação ambiental e combate direto aos incêndios. As “Ações Complementares de Proteção de 2022”, por exemplo, receberam um investimento de R$ 6 milhões, com R$ 5,95 milhões efetivamente pagos. Entre as principais despesas estão diárias, combustível, alimentação, manutenção e serviços, além de aquisição de bens e contratação de serviços especializados. As Unidades de Conservação que mais receberam investimentos incluem a REBIO do Jaru, a RESEX Chico Mendes, o Parque Nacional de Anavilhanas, e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos. No caso do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, com o apoio do ARPA, foi possível melhorar a infraestrutura local, construindo uma sede adequada, o que ampliou a capacidade de resposta e gestão na área. Quais lições foram aprendidas com a intensificação das ações de combate ao fogo? João Paulo Morita: Uma lição recorrente é a importância de investir continuamente na capacitação de pessoal. Precisamos de equipes bem preparadas para enfrentar as particularidades de cada bioma. Os incêndios têm aumentado em frequência e estão surgindo em áreas antes não afetadas, o que reforça a necessidade de treinamento constante e ampliação das equipes. Há planos para expandir o modelo de apoio do ARPA para outras regiões? João Paulo Morita: Sim, esse modelo de agilidade administrativa seria muito útil em outras regiões e biomas. Gostaria de ver essa estrutura de apoio em unidades do Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa. No caso do ICMBio, o ARPA proporciona o suporte necessário para que as ações ocorram de forma rápida e efetiva, especialmente em situações onde o combate ao fogo é uma questão de urgência. Quais são os próximos passos para o ICMBio no combate ao fogo? João Paulo Morita: Vamos continuar fortalecendo a capacitação de nossos servidores e aprimorando o manejo integrado do fogo, expandindo cada vez mais a nossa capacidade de resposta. Nosso objetivo é proteger as unidades de conservação e, para isso, o apoio contínuo do ARPA será essencial. Com investimentos adequados, esperamos estar cada vez mais preparados para enfrentar as próximas temporadas de incêndios. O ARPA - Áreas Protegidas da Amazônia é um projeto do Governo do Brasil, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e tem o FUNBIO como gestor e executor financeiro. É financiado com recursos de doares internacionais e nacionais, entre eles o governo da Alemanha por meio do Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfW), o Global Environment Facility (GEF) por meio do Banco Mundial, a Fundação Gordon and Betty Moore, a AngloAmerican e o WWF.
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